Depois de quatro anos levando vestidos coloridos para garotas carentes do Sertão pernambucano, a funcionária pública pernambucana Tereza Matos resolveu expandir a campanha Vestidos em Algodão para as Meninas do Sertão. Em 2019, a meninada da Ilha do Maruim, em Olinda; da Comunidade Jardim Beira-Rio, no Pina, Zona Sul do Recife, e de Madagascar, na África, também será beneficiada. Outra novidade é a mudança do nome do projeto. Como os garotos ganham shorts e camisetas, agora a iniciativa chama-se Roupinhas em Algodão para as Crianças do Sertão.
“Fui inspirada por uma senhora americana, Lilian Weber. Em 2015, assisti a um vídeo em que ela costurava um vestido por dia para garotas da África. Decidi fazer o mesmo, mas para as meninas do Sertão. Como a campanha cresceu e passei a contar com colaboradoras do Brasil todo e até de fora do País, os meninos foram incluídos. Daí, é justo que o projeto mude de nome”, explica Tereza. “Uma vez um menino chamado José, de Serrita, perguntou: tia, só tem roupa para menina?”, lembra.
São entre 600 e 800 pessoas ajudando. Há gente que costura como Tereza. Outras preferem doar tecidos e aviamentos. Ou calcinhas, cuecas, shorts, camisetas. Até tiaras, enfeites e brinquedos.
As roupinhas foram entregues em novembro e este mês em 15 cidades pernambucanas: Ouricuri, Serrita, Belém de São Francisco, Itacuruba, Floresta, Solidão, Afogados da Ingazeira, Tabira, Ibirajuba, Carnaubeira da Penha, Petrolândia, Santa Maria da Boa Vista, Petrolina e na comunidade quilombola de Conceição das Creoulas, em Salgueiro. Só faltam receber as crianças de Araripina, no próximo fim de semana. No total, serão cerca de cinco mil meninos presenteados.
“Uma médica de Olinda que mora em São Paulo e faz parte da ONG Fraternidade Sem Fronteiras conheceu a campanha. Perguntou se poderíamos doar vestidos para ela levar para crianças soropositivas de Madagascar. Prometi costurar ano que vem”, conta Tereza. “Vou tentar fazer uns 300 vestidos e outras cem roupas para meninos. Não dá pra ser muito, pois ela levará em um voo comum, tem que caber numa mala de até 32 quilos. Fiquei feliz porque vou ajudar garotos africanos que inspiraram Lilian Weber”, comenta Tereza.
A ideia de doar roupinhas para a garotada de Recife e Olinda surgiu porque Tereza trabalha no Fórum do Recife, na Ilha Joana Bezerra. Vê constantemente mães na escadaria com os filhos pedindo presentes nesta época de Natal. “Por isso vamos incluir, ano que vem, quem mora em palafitas, no Recife, e umas famílias que eu já ajudava na Ilha do Maruim”, diz a funcionária pública.
“A gente pode fazer tanta coisa com tão pouco. Uma agulha, linha e um pedaço de pano se transformam numa roupinha. Ficamos felizes, eu e todos os colaboradores, em saber que as crianças passarão o Natal com um vestido ou um short novo”, afirma Tereza.
Para conhecer o projeto, acesse, no Facebook, o grupo Roupinhas em Algodão para as Crianças do Sertão