O patinho feio virou um Galo gigante imponente

Uma história de suspense, bravura e aventura no reino mágico do Carnaval do Recife
Por Rafael Carvalheira
folião
Publicado em 24/02/2017 às 7:51
Foto: Foto: Rodrigo Lobo/Arquivo JC


Guerra de paternidade, bullying, fuga de um incêndio, banho de tinta, ameaças de todo tipo, escolta policial... A infância e juventude da maior majestade do Carnaval do Recife não foram fáceis. Desde que trocou de pai, chuva de críticas. Ouviu até que ia tombar sobre os súditos quando virasse adulto.

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Isolado, preso, protegido, foi crescendo, tomando forma, ganhando cores e atiçando mais e mais a curiosidade dos foliões do reino mágico do Carnaval do Recife, a cada detalhe que vazava em imagem. Uma selfie aqui, outra acolá. O bichano ia se revelando.

Foi posto de pé no cativeiro antes do grand finale, ainda depenado, para mostrar que estava crescendo forte, mudando as feições. E haja pancadas nas redes sociais: "galinha maga", "pernudo", "canja", "coisa feia"...

Não deu ouvidos à literalidade das palavras. Começou a entender o motivo das ofensas. Percebeu ali a importância que tem para o povo que naquele momento o negava. Era veneração. Era aguardado por milhões.

Se encheu de expectativa e coragem. Cada vez mais pronto para se mostrar. Até que chegou a prova de fogo. Hora de sair do ninho. Hora de atravessar a cidade, enfrentar o julgamento popular. Partiu seguro em direção à Ponte Duarte Coelho para reivindicar o trono.

Foto: Rodrigo Lobo/Arquivo JC
2002 - Foto: Rodrigo Lobo/Arquivo JC
Foto: Arnaldo Carvalho/ JC Imagem
2003 - Foto: Arnaldo Carvalho/ JC Imagem
Foto: Marcos Michael/Acervo JC
2004 - Foto: Marcos Michael/Acervo JC
Foto: Marcos Michael/Acervo JC
2005 - Foto: Marcos Michael/Acervo JC
Foto: Marcos Michael/Acervo JC
2006 - Foto: Marcos Michael/Acervo JC
Foto: Alexandre Auler/Acervo JC
2007 - Foto: Alexandre Auler/Acervo JC
Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC
2008 - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC
Foto: Renato Spencer/Acervo JC
2009 - Foto: Renato Spencer/Acervo JC
Foto: Marcos Michael/Acervo JC
2010 - Foto: Marcos Michael/Acervo JC
Foto: Chico Porto/Acervo JC
2011 - Foto: Chico Porto/Acervo JC
Foto: Rodrigo Lobo/Acervo JC
2012 - Foto: Rodrigo Lobo/Acervo JC
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
2013 - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
2014 - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
2015 - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: André Nery/JC Imagem
2016 - Foto: André Nery/JC Imagem
Foto: Gustavo Belarmino/NE10
2017 - Foto: Gustavo Belarmino/NE10
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
2018 - Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
2019 - Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
2020 - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

Chegou sem estardalhaço. Discreto que só ele. Se vestiu devagar. Curtiu cada hora. E foram muitas. Calçou as esporas afiadas. Levantou o corpo e as asas. Ergueu a cabeça e a crista coral.

Vigiado de perto por transmissões ao vivo, fotos, flashes de telejornais, posts em todas as redes sociais e antisociais. Atenção digna de sua majestade.

Do alto do trono, finalmente cumprimentou os súditos porque a manhã já vinha surgindo. Recebeu saudações das mais emocionadas em troca. O que importa se feio ou se bonito?

Às favas com a métrica, ao inferno com os padrões de beleza, a chatice artística fora daqui. Viva a estranheza. Viva o desritmado. Viva o descompasso. Viva o inesperado. Viva a fantasia. Viva o Carnaval. O patinho feio virou um Galo gigante imponente.

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