O edital do segundo trecho do Eixo Cicloviário do Grande Recife, com todos os detalhes da obra, será lançado na próxima semana. O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Turismo, Esporte e Lazer do Estado, Felipe Carreras, durante a inauguração da primeira etapa do equipamento, ligando o Marco Zero, no Bairro do Recife, à Fábrica Tacaruna, no limite com Olinda.
A segunda etapa terá 2,35 quilômetros e vai ligar a Fábrica Tacaruna até o Varadouro, em Olinda. A primeira tem 5,1 quilômetros de extensão e ganhou o nome de Camilo Simões, ex-secretário de Turismo da Prefeitura que morreu em outubro do ano passado. O serviço custou R$ 2,4 milhões.
O percurso inaugurado ontem compreende a Avenida Rio Branco, Ponte Maurício de Nassau, Avenida Martins e Barros, Praça da República, Ponte Princesa Isabel, Rua da Aurora, Avenida Prefeitura Artur Lima Cavalcanti, Avenida Doutor Jayme da Fonte e pista local da Agamenon Magalhães. Segundo o governo, a expectativa é de que 3,5 mil pessoas utilizem o eixo diariamente.
Ao longo do novo trajeto, nas imediações da comunidade Ilha do Chié, em Campo Grande, havia lixo acumulado invadindo área da ciclovia. Porém, mais que os resíduos e o mau cheiro, o que preocupa o ciclista Clóvis Neto, 20 anos, que mora no bairro e usa a bike para todos os deslocamentos, é a falta de respeito dos motoristas, que ignoram os tachões no asfalto e jogam o carro por cima da faixa exclusiva.
“A ciclovia facilitou, mas como foram tiradas uma das faixas de carro, os motoristas não respeitam. Hoje mesmo eu não consegui andar durante longo trecho, porque um motorista ignorou a marcação e andou por dentro da faixa.” Quanto ao lixo, ele culpa também a falta de educação dos moradores.
Sobre a segurança para os ciclistas, o prefeito Geraldo Julio afirmou que este mês foram publicados encartes em revistas mostrando a importância do respeito ao pedestre e ao ciclista. “Quem está dentro do carro ou mesmo no transporte grande, como ônibus e caminhão, é sempre mais forte e precisa ter cuidado com o mais fraco. Essa é uma campanha que devemos ampliar a publicidade nessa área educativa”, promete.
Cicloativistas vinculados à Associação Metropolitana de Ciclistas (Ameciclo) apontaram falhas no trajeto, entre elas falta de capilaridade da rota e interrupções na via, como na subida da ponte Princesa Isabel, onde há faixa indicando que o ciclista “desmonte da bicicleta” para atravessar. “Falta fazer as saídas. Faltam as ligações com as ruas. Não há nenhum sinal de que isso vá ser feito”, diz Cezar Martins, associado da Ameciclo.
A descontinuidade da faixa do Marco Zero até a Praça da República é outra crítica do cicloativista Roderick Jordão. Para ele, o eixo começa oficialmente na Praça da República e não no Marco Zero. Segundo ele, na Ponte Buarque de Macedo, que liga a praça à Avenida Rio Branco, a marcação no chão não traz os tachões, somente a pintura da ciclofaixa.
O projeto completo inclui outros quatro trechos: da Fábrica Tacaruna até o Varadouro, a ciclovia da PE-15 até a BR-101, na divisa entre Paulista e Abreu e Lima; e da BR-101 até Igarassu. A extensão será de 33,8 km.
Participaram da inauguração secretários do governo Paulo Câmara, o prefeito do Recife e membros das associações de ciclistas do Grande Recife. A esposa, a mãe e os filhos do ex-secretário, que faleceu em outubro, marcaram presença na solenidade. Durante o ato, dois ciclistas passaram no local e cobraram mais segurança. Em março, o ciclista Hélio Almeida Araújo morreu após ser atropelado por um veículo na Rua dos Palmares, área central.