Se o passageiro não tem um cartão do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) não quer dizer, necessariamente, que ele não possa andar nos BRTs. Isto porque, apesar de este tipo de transporte não permitir o pagamento em espécie, muitos têm encontrado na venda de créditos para terceiros uma forma de ganhar dinheiro. O JC Trânsito esteve em três estações de BRT, todas no Centro do Recife, e pode presenciar vendedores fazendo este tipo de comércio.
As estações foram: a Nossa Senhora do Carmo, na Avenida Dantas Barreto; a Guararapes, na Avenida Guararapes e a Riachuelo, na Rua do Riachuelo. Os vendedores também comercializam outros produtos, como pipoca e água. Em todas as estações, a reportagem conseguiu embarcar no BRT pagando R$ 4. Os comerciantes utilizam o VEM Comum (porque é o único que não bloqueia, mesmo com usos consecutivos) e lucram R$ 0,80 por usuário pagante, já que a passagem no anel A custa R$ 3,20.
O fluxo de usuários que utilizam o serviço é grande. Apenas enquanto a reportagem estava na estação Nossa Senhora do Carmo, quatro pessoas compraram os créditos. No local, um dos passageiros que chegou sem o cartão VEM foi indicado por um fiscal da estação, que chamou um dos vendedores, a comprar os créditos. Sobre o caso, Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) enviou uma nota. Confira a íntegra:
O Consórcio Conorte informa que está apurando as informações passadas pela reportagem e identificando o fiscal para efetuar as medidas internas cabíveis. O Conorte reforça que repudia esse tipo de comportamento e que as empresas participantes do consórcio orientam seus profissionais, por meio de treinamentos constantes, sobre qualidade no atendimento aos usuários e normas de operação do sistema.
Questionado sobre a compra da passagem, um usuário, que preferiu não se identificar, relatou a dificuldade em fazer o carregamento de créditos no VEM. "Nessa brincadeira de pagar passagem com o cartão dos outros, perco R$ 4 por dia. Mas, para mim, é complicado ter que ficar recarregando o VEM. Prefiro perder os R$ 0,80", comentou.
O Grande Recife Consórcio de Transporte se pronunciou sobre a venda ilegal de créditos do VEM nas estações de BRT. Segundo a empresa, uma equipe é responsável por fazer a apreensão dos cartões que estão sendo usados para o comércio de créditos e levar as pessoas para a delegacia. Confira a íntegra da nota:
A Gerência de Segurança Institucional do Grande Recife, quando criada em 2015, iniciou seus trabalhos combatendo o comércio informal nos Terminais Integrados do Recife e Região Metropolitana. Ano passado, a Gerência ampliou sua área de atuação e passou também a combater o comércio ilegal dos Vales Eletrônicos Metropolitano nas Estações de BRT. A equipe volante de segurança faz um trabalho de apreensão desses cartões que estão sendo comercializados, bem como o encaminhamento dessas pessoas para a delegacia. O Grande Recife solicita à população que, caso presencie o comércio ilegal dos cartões, faça a denúncia na Central de Atendimento ao Cliente (0800 081 0158).
Atualmente as 45 estações de BRT em operação nos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste têm terminais de autosserviço que carregam apenas o VEM Comum. O cartão pode ser adquirido por qualquer pessoa, em qualquer ponto de venda. Na sede do VEM, na Rua do Soledade, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife, é possível não apenas adquirir o cartão, como também utilizar os 17 terminais de autoatendimento para recarregá-lo.