Pular buracos aqui, driblar carros estacionados ali, ziguezaguear entre ambulantes e troncos de árvore em busca de uma área segura para percorrer pequenas ou longas distâncias a pé. Ser pedestre no Recife não é tarefa fácil. Faltam calçadas adequadas e generosas doses de cidadania. A confusão entre espaço público e privado impera quando o assunto é calçada.
A tão almejada mobilidade ainda está restrita aos automóveis, quando, na realidade, o pedestre deveria ser prioridade, uma vez que todos circulam a pé pelas vias em algum momento do dia. Atualmente, a responsabilidade pela construção e manutenção do passeio público recai sobre o proprietário do imóvel. Mas tramita no legislativo municipal uma lei para transferir a obrigação para a prefeitura. Apesar dos entraves, o secretário de Mobilidade e Controle Urbano da cidade, João Braga, parece ter aceitado o desafio de priorizar o pedestre. “Mobilidade começa nas calçadas”, afirmou João Braga, durante entrevista à rádio CBN, assim que assumiu a pasta.
Ao abarcar em uma única secretaria a Diretoria de Controle Urbano (Dircon) e Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), o executivo dá sinais que assumiu uma postura mais integrada. Há informações que a proposta é escolher alguns pontos da cidade - começando pelas ruas do Centro - e fazer ações conjuntas para retirar os ambulantes e requalificar as calçadas simultaneamente. Eles serão realocados em espaços mais adequados. A proposta servirá de modelo para o restante da cidade.
As calçadas do Recife são consideradas a 4ª pior do Brasil, segundo o portal de mobilidade urbana sustentável Mobilize Brasil. Nenhuma região da cidade escapa dos transtornos. Em Boa Viagem, na Zona Sul, uma das mais recorrentes reclamações é a falta de respeito dos motoristas que estacionam em cima do passeio público. “Tive que me arriscar indo para o meio da rua, porque o motorista estacionou no local que eu ia passar. Imagino um deficiente tentando andar na cidade”, desabafa a estudante Catarina França, 30 anos. “Deveria apertar o rigor contra esses motoristas mal educados que não respeitam ninguém”, acrescenta.
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