Livro resgata arquitetura moderna do Recife

Publicação cobre o período de 1949 até 1972 e será lançada no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas
Cleide Alves
Publicado em 28/02/2013 às 10:31
Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O livro Arquitetura Moderna no Recife: 1949-1972, que será lançado às 18h30 desta quinta-feira (28), nasceu de uma tese de doutorado e preserva o tom acadêmico, necessário à pesquisa. Mesmo assim, consegue explicar ao grande público, numa linguagem simples, em 178 páginas ilustradas, o valor das edificações modernas construídas na capital pernambucana.

Mais do que um resgate da produção arquitetônica dos anos 50, 60 e início da década de 70, a publicação serve de alerta para o precário estado de conservação das casas e prédios desenhados por Acácio Gil Borsoi (1924-2009) e Delfim Amorim (1917-1972), arquitetos que fizeram o Recife moderno, ao lado do italiano Mario Russo (1917-1996), que atuou na cidade de 1949 a 1955.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
- Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Alexandre Severo/JC Imagem
- Foto: Alexandre Severo/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Foto: Renato Spencer/JC Imagem
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Para começar, as antigas residências modernistas do Recife estão desaparecendo, lamenta a arquiteta Guilah Naslavsky, autora do publicação. Poucas ainda resistem, como a casa de Miguel Vita (da fábrica de refrigerantes Fratelli Vita), em Santana, Zona Oeste do Recife, onde funciona a Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH). O projeto é do português Delfim Amorim.

“Os prédios institucionais encontram-se em melhores condições, se comparados com os particulares”, diz ela. Como exemplo, cita o Edifício Pirapama, retrato da decadência na Avenida Conde da Boa Vista, Centro do Recife, também projetado por Delfim Amorim.

Em Boa Viagem, bairro da Zona Sul, o Edifício Michelangelo, projetado por Borsoi, passou por reformas e ficou descaracterizado, comenta a pesquisadora. De acordo com Guilah, o carioca Borsoi deixou o maior legado da arquitetura moderna em Pernambuco e no Nordeste. “Ele era contemporâneo de Oscar Niemeyer (1907-2012) e do boom do modernismo no Brasil.”

Na Avenida João de Barros, também no Centro, o prédio da Celpe é apontado pela arquiteta como um exemplar moderno bem conservado. É um projeto dos arquitetos Vital Pessoa de Melo e Reginaldo Esteves, discípulos de Borsoi e Delfim Amorim. Mas nem todas as edificações modernistas institucionais mantém as características preservadas.

A reitoria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Dois Irmãos, Zona Norte, cobriu com vidros espelhados as fachadas de veneziana projetadas por Luiz Nunes (1909-1937) e equipe. O primeiro prédio a usar cobogó no Recife, uma escola para crianças portadoras de deficiências na Rua Cônego Barata, na Tamarineira, Zona Norte, foi derrubada em 2008. “Era projeto de Luiz Nunes”, diz Guilah.

Professora na Universidade Federal de Pernambuco, ela estuda a arquitetura moderna no Recife desde a graduação, nos anos 90. A arquitetura moderna, caracterizada pelo uso do concreto, ferro e vidro, introduziu o terraço-jardim no teto e o piloti (criava uma praça nos prédios, mas esses espaços agora são usados como garagem) nas edificações.

As fachadas ganharam desenhos mais abstratos, geométricos, para facilitar a produção em série, explica Guilah. O lançamento do livro, editado com apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Cidade do Recife, será no museu do Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José, Centro. Exemplares estarão à venda em livrarias. Uma parte é destinada a doação.

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