O freio de arrumação que o governador Paulo Câmara vem dando ao programa Pacto pela Vida, desde que assumiu o cargo em janeiro deste ano, tem pressa em surtir efeito. O entendimento, nos bastidores do Palácio, é que após as mudanças de comando implantadas pela Secretaria de Defesa Social o tempo corre contra e chegou a hora de mostrar resultados. A fase de desculpas e justificativas ficou para trás. O governador deu prazos e vai cobrá-los. Esse é o recado. Não foi à toa ontem, durante o anúncio das medidas para turbinar o programa, que em vários momentos Câmara fez questão de destacar que maio é o mês decisivo para a mudança no curso da seta que aponta para onde vão os assassinatos no Estado.
“Maio é um mês que a gente quer que haja uma curva efetiva de redução do número de homicídios”, repetia o governador, em tom de lembrete. A discreta, discretíssima queda anunciada há dois dias não acalmou ninguém no governo. Em abril deste ano foram 11 mortes a menos do que no mês anterior, março. Só serviu, na verdade, para dizer que a notícia não era tão ruim quanto vinha sendo. Mas nem de longe afasta a incômoda marca de 180 mortes a mais que já foram registradas este ano, comparando com os quatro primeiros meses do ano passado.
Desde que foi criado, em 2007, o Pacto pela Vida é um programa essencialmente de controle de gestão. Por isso, foi tão revolucionário. Por implantar um cultura de cobrança num ambiente pouco afeito a metas e resultados. Deu errado no primeiro ano, quando faltou pulso, mas acertou a mão quando os mecanismos de controle foram sendo implantados, azeitados, monitorados. Por sete anos teve a mão de ferro do ex-governador Eduardo Campos puxando e regulando suas rédeas. No ano passado, o controle afrouxou e deu no que deu. Agora Paulo Câmara corre para salvar o programa. O que, em outras palavras, significa salvar vidas.