Recife realiza primeiro casamento coletivo homoafetivo

Oito casais homossexuais oficializaram sua união na tarde deste sábado (23)
Do JC Online
Publicado em 23/05/2015 às 20:40
Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


A tarde deste sábado (23) será inesquecível para oito casais homossexuais que conseguiram formalizar sua união diante de um juiz. O primeiro casamento coletivo homoafetivo do Recife foi realizado às 17h30, no Forte das Cinco Pontas, Centro da cidade. A festa, promovida pela Prefeitura do Recife, foi animada com música ao vivo, enfeitada com flores do campo e teve até chuva de arroz para dar sorte aos noivos.

Os oito casais não escondiam a alegria por selar a união diante de tantos parentes e amigos. “A partir de agora, as pessoas vão nos olhar de outra forma, com mais respeito”, acredita o estudante Jean da Silva, 23 anos, revelando que, desde o início do relacionamento com o cabeleireiro Paulo Tavares, 35, há quase dois anos, sonhava com um casamento formal. “É um direito que nos foi dado e estamos exercendo. Antes, para a Lei, nós não éramos nada um do outro”, completa Paulo.

O reconhecimento da sociedade e a aquisição de direitos civis também motivou o técnico de enfermagem Rodrigo Sátiro, 32 anos, e o funcionário público Augusto Cordeiro, 34, a formalizar uma união que já dura três anos. “Nossa família agora existe”, comemora Rodrigo, cuja felicidade não pôde ser compartilhada com os pais. “Eles não puderam ficar, mas passaram aqui para me dar um abraço”, disse. Já a mãe de Augusto não compareceu porque está doente. “Mas meu irmão veio”, reforçou. Eles acreditam que, mesmo os parentes mais resistentes, vão acabar aceitando a união.

Durante a cerimônia, o juiz Paulo Romero lembrou que, desde maio de 2013, uma resolução do Conselho Nacional de Justiça assegura aos homossexuais em união estável o direito ao casamento civil. E recordou aos noivos o motivo de estarem ali. “Cristo recomendou a seus seguidores o amor ao próximo. O que os trouxe aqui foi o amor”, disse, alertando que é preciso muito zelo para manter um casamento.

Depois do “sim”, dos beijos calorosos, palmas e muitas fotos, os noivos deixaram o altar e foram dividir o bolo com parentes e amigos. “Agora, se eu morrer, ela não vai precisar chamar minha mãe para liberar meu corpo. Ela é a primeira em minha vida. Temos direito de família”, desabafou a empresária Glícia Silva, 31 anos, que formalizou uma união de sete anos com a publicitária Vívian Trindade e vai passar a usar o sobrenome da companheira, como a lei permite.

Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Forte das Cinco Pontas homoafetivo casamento gay casamento coletivo
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