A cada 15 dias, a vida de Izabella Costa fica suspensa. Para à espera de um sim ou de um não. O coração aperta. Acelera, dispara e depois acalma, para sofrer tudo de novo 15 dias mais tarde. Aos quatro meses de gestação, ela acordou com a barriga coberta por manchas vermelhas, dores nas articulações, nas pernas, nos dedos. Chorou, se desesperou. Pensou: “Vou prejudicar a minha filha.” Quando foi ao posto de saúde, disseram que ela tinha pego zika ou chicungunha e, desde então, o coração de Izabella para a cada duas semanas. É quando a jovem mãe, de 18 anos, vai ao hospital fazer uma ultrassonografia para saber se o seu bebê está bem. Se a cabeça está crescendo dentro da normalidade. Se a sua filha, que já ganhou o nome de Maria Luíza, tem microcefalia ou não.
Izabella é uma das grávidas acompanhadas pelo Imip, unidade de referência para a assistência de gestantes com suspeita de bebês com a malformação. Ela está no sétimo mês de gestação. Na última quarta-feira, a jovem voltou ao Imip para mais uma ultrassonografia. Ouviu do médico que ainda falta um pouquinho para o tamanho da cabeça de Maria Luíza chegar à medida padrão. Mas é preciso esperar. Voltar com 15 dias. Dessa vez, o coração não acalmou.
O médico pediu um novo exame. Será preciso retirar uma amostra do líquido da barriga para análise. Foi a vez da mãe de Izabella ficar desesperada. “Eu acho que está acontecendo alguma coisa de errado com o bebê. Não é normal tantos exames”, diz a auxiliar de serviços gerais, Izabel Ferreira. A jovem tenta se manter firme. “Rezo e peço para que ela esteja com saúde. Mas fazer o que se eu engravidei logo quando estava tendo esse negócio de zika?”, afirma. Izabella viu na televisão que existe um movimento para que as mães possam abortar os filhos com suspeita de microcefalia. Ela acha errado. Diz que é tirar uma vida. “Se minha filha tiver esse problema, é a vontade de Deus. Vou criar do mesmo jeito.”