Até o fim do ano cerca de 61,2 mil brasileiros devem ser acometidos pelo câncer de próstata, cujas chances de cura podem chegar a uma média de 90% quando diagnosticado em fase inicial. Infelizmente, aproximadamente 20% dos pacientes só descobrem o tumor em estágio avançado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). O primeiro passo para baixar esse índice é romper o estigma e a vergonha que ainda rondam o rastreamento, feito pela dosagem do PSA (sigla para antígeno prostático específico, uma substância produzida pelas células da próstata) e também pelo toque retal.
Para quebrar essas barreiras, é importante levar adiante informações sobre uma doença que representa cerca de 6% do total de mortes por câncer no mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). “Percebemos que a população tem mudado os seus conceitos em relação à realização dos exames capazes de detectar o câncer de próstata precocemente. Dificilmente, os homens se recusam hoje a fazer o toque retal depois que esclarecemos o procedimento”, informa o presidente da SBU/Regional Pernambuco, Gustavo Cavalcanti Wanderley.
Apesar do compartilhamento de mensagens sobre a realização de exames de acordo com faixa etária e grupos de risco, há homens que recorrem a desculpas para adiar consultas. “Acredito que esse comportamento nem é tanto pelo preconceito em relação ao exame de toque retal. É uma atitude que vem como reflexo do medo de descobrir que pode estar doente. Observo que, depois do exame, os homens se sentem mais aliviados do que envergonhados, caso recebam a notícia de que está tudo normal com a próstata”, frisa o médico Ricardo Lyra, coordenador dos Serviços de Andrologia do Hospital Getúlio Vargas (HGV) e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Por outro lado, se houver suspeita de câncer ou se o diagnóstico for confirmado, o homem enfrenta um abalo emocional, assim como acontece com a maioria dos pacientes (independentemente de sexo e idade) ao receber a notícia de que precisa iniciar tratamento contra o tumor.
“A diferença é que, entre os homens, o choque após o diagnóstico tende a ser maior (em comparação ao comportamento que as mulheres adotam após receber a confirmação de algum tipo de câncer, por exemplo). Muitos ficam deprimidos e procuram apoio de um psicólogo”, ressalta Ricardo, também diretor da clínica Andros Recife, no bairro do Pina, Zona Sul da cidade. O depoimento dele reforça que investir em cuidados com a saúde mental é fundamental para manter a qualidade de vida em todas as etapas de tratamento de um câncer que tem tudo para ser vencido.