Homens que têm casos de câncer de próstata na família fazem parte de um grupo com risco aumentado para desenvolver o tumor ao longo da vida, especialmente antes dos 65 anos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), aproximadamente 25% dos casos diagnosticados apresentam história familiar da doença. “Comumente se diz que ter pai ou irmão diagnosticados previamente com esse tipo de câncer dobra a chance de acometimento pelo mesmo problema, mas essa probabilidade tem se mostrado maior em alguns estudos realizados mundialmente”, informa o urologista Clóvis Fraga, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) e do Hospital Santa Joana.
Quanto mais homens, de uma mesma família diagnosticados com a doença, maior a possibilidade de se ter o câncer responsável por 14 mil mortes por ano no Brasil, de acordo com o Inca. “Ter um parente de primeiro grau aumenta entre cinco e sete vezes o risco de desenvolver o tumor, em comparação com a população geral. Com dois, essa chance pode ser até de 20 vezes”, informa o urologista Guilherme Maia, do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e do Hospital Santa Joana.
“Um cardápio que valoriza frutas e verduras, associado à prática de atividades física e à manutenção do peso normal, pode diminuir a probabilidade de aparecimento da doença”, ressalta Clóvis Fraga (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
É por isso que as entidades médicas, a cada Novembro Azul, têm batido na tecla da importância de os homens que fazem parte desse grupo de risco iniciarem aos 45 anos o rastreamento (realização de PSA e toque retal, exames capazes de detectar precocemente o câncer de próstata). Para os demais, a avaliação deve começar aos 50 anos. E após os 75 anos, o rastreamento pode ser indicado para aqueles com expectativa de vida acima de dez anos. Em todas as situações, o médico analisa o caso de forma individualizada.
“Os exames são iniciados mais cedo quando há histórico familiar porque essa condição contribui para o aparecimento do câncer de próstata antes dos 55 anos”, explica Guilherme Maia, alertando para a agressividade que o tumor pode ter nos casos de história familiar. “Nesse cenário, a doença está sujeita à evolução mais fora do controle e passar para metástase, caso não seja diagnosticada precocemente. São tumores em que a graduação de Gleason (critério que define o estágio do câncer de próstata) tem chances de ser maior ou igual a oito. E as maiores chances de cura da doença são observadas em casos com Gleason entre seis e sete.”
O comerciante Saulo Santos, 44 anos, começou a procurar um urologista para avaliar o risco do câncer aos 34 anos, quando o pai faleceu em decorrência da doença. “Ele tinha o hábito de realizar os exames anualmente, mas ficou um ano sem fazer. Quando recebeu o diagnóstico, aos 47 anos, o câncer estava avançado”, conta Saulo, que tem quatro tios diagnosticados com a doença (um deles morreu).
“Por isso, comecei a fazer os exames antes dos 40 anos. E todos os resultados permanecem normais. Por causa do peso da hereditariedade, passei a me cuidar mais, deixei de beber e adoto uma alimentação muito saudável. O único irmão do meu pai que não desenvolveu o câncer de próstata tem um estilo de vida saudável: bebe pouco, faz atividade física e se alimenta de forma equilibrada. Percebo que esses hábitos minimizam os riscos”, acredita.
A atitude de Saulo é aprovada por especialistas. O Inca tem enfatizado que comer sem excessos é um fator protetor para o câncer de próstata. “Um cardápio que valoriza frutas e verduras, associado à prática de atividades física e à manutenção do peso normal, pode diminuir a probabilidade de aparecimento da doença, mesmo nos casos em que o risco é alto para o câncer”, ressalta Clóvis Fraga.