A mídia brasileira noticiou, nos últimos meses, vários casos de estupros coletivos ocorridos em diversas partes do País. As notícias foram muito comentadas na internet, e para entender a reação dos internautas recifenses em meio a tantos registros deste tipo de crime, a Le Fil, agência de monitoramento de mídias sociais, analisou comentários das principais publicações sobre o assunto na imprensa de Pernambuco.
O estudo apontou que quando assunto é estupro, 35% dos comentários culpam a mulher pela violência, 25% vêem a mulher unicamente como vítima e 40% não discutem o mérito da culpa.
O levantamento mostra ainda que, nas postagens analisadas, 52% dos comentários eram de homens e 48% de mulheres. Em 242 manifestações masculinas, 45% das observações culpabilizavam a mulher pelo estupro, 18% atribuíam a culpa aos homens e 37% não direcionavam a culpa para nenhuma das partes.
Entre 259 publicações em que as mulheres analisavam os casos, 31% apontavam o homem como o único culpado pelo estupro, 27% condenavam as mulheres e 42% não culpavam ninguém.
Os internautas recifenses, segundo a análise, usam a promiscuidade (36%), drogas (17%) e o funk (2%) para justificar os casos de estupro. Os usuários das redes sociais estudadas ainda culparam a legislação do País pelos casos de estrupro. Em 9% dos comentários verificados, os recifenses afirmaram que a impunidade é um dos principais motivos pelos quais esses crimes acontecem.
Para 35% dos analisados os estupradores deveriam ser castrados, 33% defendem a pena de morte e 27% acreditam que a prisão seria uma punição adequada. Medidas socioeducativas foram sugeridas em 3% dos comentários e tortura e linchamento em 1%, cada.
O estudo da Le Fil se baseou em 500 comentários publicados em postagens sobre o estupro coletivo no Rio de Janeiro. Foram analisadas publicações das fan pages dos principais veículos de imprensa do Recife entre 25 de maio e 7 de junho de 2016.