As declarações dadas pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, de que o aumento da violência no Estado provocava “desconforto” alimentam ato organizado pelas redes sociais para esta quarta-feira (19/4), a partir das 18h, em frente ao Palácio do Campo das Princesas. O movimento é feito pela sociedade civil, incluindo grupos acadêmicos, movimentos sociais e familiares das vítimas da insegurança pública. Cruzes serão erguidas e velas acesas em frente à sede do Executivo estadual para representar as 1.522 mortes e os 497 estupros registrados somente nos três primeiros meses de 2017. Haverá diversas performances teatrais para ironizar as declarações do governador e alertar sobre o perfil perverso da violência local, que faz do negro, pobre e jovem sua principal vítima.
Hoje é o dia de exigir do governador respostas melhores à crise de segurança pública. Ela não está desconfortável, como disse o governador. A situação está dramática”, convocação do ato nas redes sociais
“Venha mostrar sua indignação, solidariedade e vontade de que as coisas mudem. Hoje é o dia de exigir do governador respostas melhores à crise de segurança pública. Ela não está desconfortável, como disse o governador. A situação está dramática”, diz a convocação para o movimento, nas redes sociais. “Queremos políticas sólidas de prevenção da violência, inclusive de prevenção ao feminicídio e todas as formas de violência contra a mulher, combate à impunidade, investimento na polícia, inclusive em formação (nunca mais outros casos como o do jovem Edvaldo, assassinado a sangue frio por um policial durante um protesto em Itambé)”, segue o texto da convocação.
A ideia do movimento surgiu de um post feito no Facebook, sugerindo uma reação a tantos casos de violência. Liana Cirne Lins, professora da UFPE e uma das organizadoras do protesto, explica que o objetivo do ato vai além de constranger o governador Paulo Câmara pela declaração de “desconforto”, considerada infeliz pelos envolvidos com o protesto. “Nós queremos que o governador abra um canal de diálogo com a sociedade civil para que seja discutida a crise da segurança pública com base em critérios técnicos diferentes dos que estão sendo adotados a portas fechadas nos gabinetes. Queremos que o governador enxergue as pessoas que estão por trás desses números absurdos da violência. Essas 1.522 mortes têm nomes e famílias”, alerta a professora.
Os organizadores adiantam: não têm expectativa de serem recebidos pessoalmente pelo governador, mas já protocolaram um pedido para que ao menos um representante do governo receba o manifesto que será lido e entregue no ato. “Não criamos tanta expectativa de que o próprio governador nos receba. Pedimos, apenas, que crie esse canal de diálogo. Lembrando que o movimento é de todos, é um movimento horizontal e heterogêneo”, ressalta Liana Cirne.
“Queremos a sociedade participando das discussões e elaboração das soluções para a crise. Chega de soluções de maquiagem. Chega de censura, como a proibição dos policiais repassarem dados à imprensa. Não há mais como esconder a crise da segurança embaixo do tapete. O governador precisa parar de agir com desconforto e como se tivesse medo do povo que o elegeu. Precisa ouvir as críticas da sociedade, dos especialistas e da polícia. Democracia se faz assim”, finaliza o texto de convocação para o ato. Estão sendo esperadas 1.500 pessoas.
- Distribuição de 500 cruzes e mil velas que foram doadas
- Leitura do manifesto e explicação do que é o DESCONFORTO.
- Performance dos dançarinos IsaBella Maia, Edjalma Freitas, Augusto Mendonça, Diógenes Lima, George Meireles e estudantes de arte.
- O ator Rodrigo Torres interpretará o texto de "Do Moço e do Bêbado Luna"
- Hino de Pernambuco será cantado por Carlos Ferrera: “Pernambuco Mortal, Mortal!”
- Depoimentos de familiares das vítimas
- Isaar canta “A Carne [mais barata do mercado é a carne negra]” Performance do CARNE coletivo de arte negra
- Tenda da Fé.
- Isaar e Carlos Ferrera cantam "Cálice (Cale-se)"