Com 4.479 homicídios registrados em 2016, Pernambuco ocupa o 4º lugar no ranking brasileiro de mortes violentas intencionais, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (30) no 11º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Só fica atrás da Bahia (7.110), Rio de Janeiro (6.262) e São Paulo (4.925). Em 2015, Pernambuco estava na 6ª colocação, com 3.889 homicídios.
“As estatísticas confirmam Pernambuco como o quarto Estado mais violento do Brasil”, declara Tales Ferreira, um dos integrantes do Movimento PE de Paz, criado em fevereiro último por igrejas e instituições sociais cristãs em função do aumento da violência no Estado. “Um dado preocupante da pesquisa é a diminuição nos investimentos em segurança pública no Brasil inteiro”, ressalta.
No Brasil, o número de mortes violentas intencionais passou de 58.870 em 2015 para 61.619 em 2016, um crescimento de 3,8%. Isso representa uma média de 7 assassinatos por hora. A taxa de homicídios no País subiu de 28,8 por 100 mil habitantes em 2015 para 29,9 em 2016. Pernambuco está acima da média nacional, com taxa de 47,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2016 e crescimento de 14,4% em relação a 2015.
Levando em consideração a taxa de assassinatos, o Estado não tem o que comemorar. Saiu do 7º lugar em 2015, com 41,6 homicídios por 100 mil habitantes para a 6ª posição em 2016. No Nordeste, os Estados com maiores taxas são Sergipe (de 57,3 assassinatos por 100 mil habitantes para 64 no mesmo período), Rio Grande do Norte (de 48,2 para 56,9) e Alagoas (de 54,1 para 55,9).
A situação também não é confortável para Pernambuco no tocante a homicídios dolosos. Sexto colocado no ranking de 2015, com 3.750 casos, o Estado agora está em 3º lugar, com 4.276 crimes em 2016. A Bahia detém a primeira colocação, com 6.328 casos, e o Rio de Janeiro está na segunda posição, com 5.042. O País passou de 52.675 homicídios dolosos em 2015 para 54.356 em 2016.
Enquanto no Brasil a taxa de homicídios dolosos cresceu 2,4%, passando de 25,8 casos por 100 mil habitantes em 2015 para 26,4 em 2016, Pernambuco registra uma variação de 13,2%, bem acima da média do País. A taxa de 40,1 assassinatos dolosos (quando houve intenção de matar) em 2015 chegou a 45,4 em 2016.
O anuário também traz informações sobre latrocínios (assalto seguido de morte). Foram 2.703 casos no Brasil em 2016 e 2.406 em 2015. A taxa nacional passou de 1,2 por 100 mil habitantes em 2015 para 1,3 em 2016, com crescimento de 11,5%. Pernambuco registrou 169 latrocínios em 2016 contra 116 em 2015 e com isso a taxa aumentou de 1,2 por 100 mil habitantes para 1,8, gerando uma variação de 44,7% (acima da média nacional).
Tales Ferreira também chama a atenção para o que os pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública chamam de apagão estatístico. “Sentimos em Pernambuco a ausência de informações completas, ninguém consegue entender as raízes da violência sem dados detalhados. É preciso divulgar nome, idade, cor, se é homem ou mulher, onde morava e onde morreu”, cita como exemplos.
Ao comentar a pesquisa, o governador Paulo Câmara disse que o Estado sempre divulgou os dados da violência e desde 2014 os números vêm aumentado (já ocorreram 4.145 no Estado, de janeiro a setembro deste ano). “Estamos trabalhando para reverter, temos 20 mil novos policiais nas ruas contratados, mais 1.300 PMs na academia e teremos mil policiais civis em janeiro nas delegacias. Estamos em busca de diminuir esse número”, declara. O Fórum usa como fonte de dados os registros policiais de instituições de segurança pública do País.