Perícia encontra sangue em banheiros da casa de médico morto em Aldeia

Funcionários disseram à polícia que parte da casa foi lavada diversas vezes e perícia ainda identificou sinais de arrastamento na área externa da casa
JC Online
Publicado em 05/07/2018 às 17:14
Funcionários disseram à polícia que parte da casa foi lavada diversas vezes e perícia ainda identificou sinais de arrastamento na área externa da casa Foto: Foto: Paulo César | PCPE


A perícia do Instituto de Criminalística (IC) informou nesta quinta-feira (5), durante coletiva de imprensa, ter encontrado vestígios de sangue e sinais de uma possível tentativa de ocultação do crime na residência onde morava ao médico Denirson Paes da Silva, 54 anos. A farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes e o filho mais velho da vítima, Danilo Rodrigues Paes, tiveram prisão preventiva decretada no início da tarde desta quinta e já estão presos.

O sangue foi detectado em dois banheiros da residência e em um corredor da casa a partir do uso de uma substância chamada Luminol. Apesar de ainda não haver a confirmação oficial de que o sangue pertence ao médico, o fato aumenta as suspeitas da Polícia Civil de que mãe e filho tenham envolvimento na morte do cardiologista e advogado.

Foi no banheiro social que os peritos encontraram mais marcas de sangue. No corredor, que fica entre o banheiro e a cacimba onde foram encontrados os restos mortais já em avançado estado de decomposição, existe sinal de arrastamento. Em outro banheiro, mais utilizado pelo filho mais velho do casal, também foram detectadas marcas de sangue.

O material genético encontrado foi enviado para a perícia, assim como o cadáver que foi encontrado em pedaços e com sinais de carbonização. Apenas o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) poderá confirmar se o corpo realmente é do médico e advogado Denirson Paes e se o sangue encontrado na casa também pertencia a ele. Os resultados dos laudos e exames devem ficar prontos num prazo de dez dias.

» Linha do tempo do crime:

- 30/05 - Cancelamento da viagem para EUA (que aconteceria dia 02/06). O médico, inclusive, solicita à sua secretária que a agenda no consultório particular fosse mantida.
- 31/05 - Desaparecimento;
- 12/06 - Suspeita manda funcionário confeccionar tampa para a caçima e o mesmo identifica um forte odor e moscas saindo do local. A mulher argumenta que jogou um gato morto dentro do poço.
- 20/06 - Registro do desaparecimento na Delegacia de Camaragibe;
- 03/07 - Representação pelo Mandado de Busca e Apreensão;
- 04/07 - Restos mortais são encontrados na cacimba da casa da família;
- 04/07 - Autuação em flagrante por ocultação de cadáver;
- 05/07 - Decretação da prisão temporária por homicídio qualificado e ocultação;

Ocultação

O corpo, que apresentava sinais de esquartejamento e tinha partes parcialmente queimadas, foi encontrado em uma cacimba de aproximadamente 25 metros. De acordo com o perito Fernando Benevides, a equipe do IC encontrou o cadáver após desconfiar de uma construção recente.

A cacimba estava fechada com uma tampa espessa que tinha sido recentemente construída. Em cima dela, foram colocados dois vasos pesados, o que para a Polícia Civil indica uma clara tentativa de ocultar a saída de gases provenientes da decomposição do corpo.

Quando a tampa foi quebrada, os peritos relataram um odor característico da decomposição de matéria orgânica. Dentro do poço foram encontrados inicialmente metralhas, areia e um produto químico que seria cloro. O material seria uma tentativa de inibir o mal cheiro gerado pelo corpo em decomposição. Após o Corpo de Bombeiros cavar o fundo do poço que não possuía água, foram identificados partes de um cadáver humano. O trabalho continuou nesta quinta-feira, quando outras partes foram retiradas.

Dois funcionários que trabalhavam na casa prestaram depoimento à polícia. Um deles relatou ter sido acionado pela farmacêutica para tampar a cacimba. Sentindo um cheiro forte e a presença de moscas, o encarregado teria questionado a mulher sobre o que havia dentro do poço e ela teria respondido que um gato havia morrido no local. Os trabalhadores também relataram que a mulher pediu que uma determinada área, onde o lumiol detectou a presença de sangue, fosse lavada várias vezes nos últimos dias.

Motivação do crime

A Polícia Civil afirmou que ainda é cedo para determinar o que pode ter levado os suspeitos a cometerem o crime contra o cardiologista e advogado Denirson Paes da Silva, 54 anos. Foi dito apenas que o casal estava se divorciando e que o filho mais velho, Danilo, não mantinha um bom relacionamento com o pai.

A informação dessa relação conturbada foi confirmada durante os depoimentos da dupla de funcionários da casa onde a família residia em Aldeia e o do próprio filho mais novo, que não está, inicialmente, sendo relacionado ao crime. As autoridades também não confirmaram se a vítima tinha algum seguro de vida, ou qualquer outro benefício financeiro, para ser recebido pelos familiares em caso de morte.

Ainda durante a coletiva, o Chefe da Polícia Civil, Joselito Amaral, ressaltou que não descarta a possibilidade de que a farmacêutica tenha administrado algum medicamento para induzir a morte da vítima.

Audiência de custódia e prisão 

A esposa e o filho do médico Denirson Paes da Silva, 54, que foi encontrado morto dentro de um poço em um condomínio em Camaragibe tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça no início da tarde desta quinta-feira (5). Durante a manhã, os suspeitos, que foram autuados por ocultação de cadáver e homicídio qualificado, passaram por audiência de custódia no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

Os suspeitos, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes e o engenheiro civil Danilo Rodrigues Paes, inicialmente haviam sido liberados, durante audiência de custódia, para responder em liberdade e tinham sido isentos da aplicação da fiança no valor de R$ 954 mil, para cada um.

Ao final da sessão, a Polícia Civil chegou ao Fórum com um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Mãe e filho serão levados para a delegacia de Camaragibe. Em seguida, foram submetidos a exames no Instituto de Medicina Legal (IML). Jussara Rodrigues da Silva Paes seguiu para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no Recife, e Danilo Paes para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel).

Veja a íntegra da coletiva de imprensa com as autoridades policiais envolvidas na investigação do corpo encontrado em poço de casa em Aldeia:

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