A Ordem dos Advogados do Brasil de Alagoas (OAB-AL) emitiu, nesta sexta-feira (9), um ofício solicitando esclarecimentos sobre a operação que resultou em 11 mortes no município de Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas, na tarde da quinta-feira (8). O grupo é apontado como responsável por uma explosão de banco em Águas Belas, Agreste de Pernambuco.
De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AL, Ricardo Moraes, a entidade exige transparência de informações sobre as circunstâncias do caso. “Pela repercussão, a sociedade precisa saber o que realmente aconteceu na operação”, afirmou Moraes.
O documento da OAB-AL também enfatiza uma “grande preocupação” com a divulgação das imagens dos corpos nas redes sociais. Segundo o texto, “por meio destas, são criadas e especuladas vária hipóteses para o caso, além de demonstrar um verdadeiro desprezo pela vida humana.”.
“O texto será enviado para a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL), para a Delegacia Geral de Polícia Civil e para o Ministério Público, do controle externo à atividade policial”, assinalou Moraes.
A Corregedoria da Polícia Civil alagoana informou que vai apurar a ocorrência assim que seja solicitada oficialmente a investigação. O órgão disse que é de praxe que se acompanhe o trabalho policial em casos como esse. A assessoria de comunicação da SSP-AL afirmou que qualquer nota sobre o caso só será divulgada após coletiva de imprensa dos delegados de comandaram a operação.
O delegado Fábio Costa, da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), à frente da Operação Cavalo de Troia, afirmou que os detalhes da ação serão divulgados na próxima semana. “Estamos aguardando a identificação oficial dos mortos pelo Instituto de Medicina Legal (IML), até o momento, somente quatro dos 11 foram identificados”, explicou.
“Ainda não temos todos os nomes, mas sabemos que todos os envolvidos eram ligados a diversos assaltos a banco”, concluiu o delegado. Sobre o pedido da OAB-AL, Costa relatou que não tinha conhecimento sobre o ofício.
Durante toda a sexta-feira (9), o Instituto Médico Legal de Alagoas recebeu familiares dos mortos para identificação. Até o momento da publicação desta matéria, foram identificados oito dos 11 corpos.
Os homens são Adeildo de Souza Timóteo, 23 anos; André Luiz de Moraes Lima, 30 anos; Carlos Alberto de Lima, 30; Adejane da Silva, também de 30; José Lutemberg Nogueira Santos, 26 anos; Evandro de Paula Lima Silva, 34; Cristiano Romulo de Souza Rodrigues, 24 anos; e Francisco das Chagas Vieira de Barros, 32. O corpo de Francisco não foi liberado por nenhum parente ter comparecido ao IML.
As outras três vítimas ainda não foram identificadas. O IML-AL continua recebendo familiares e a expectativa é que o trabalho de identificação termine no fim do dia.
Segundo o delegado Fábio Costa, alguns dos integrantes do grupo criminoso já estavam sendo investigados no estado. “Houve um assalto em Águas Belas e estávamos no encalço de alguns deles. Acabamos encontrando a residência onde estavam escondidos”.
A casa em que a quadrilha se escondia está localizada no povoado Areia Branca, em Santana do Ipanema, sertão alagoano, a cerca de 35 quilômetros de Águas Belas. De acordo com delegado, cerca de 30 agentes, contando com o apoio do agrupamento aéreo em um helicóptero, montaram um cerco no local. “Quando nós demos voz de prisão para que eles saíssem da casa, eles começaram a disparar”, explicou. Na troca de tiros, não houve policiais feridos e nenhuma viatura foi atingida. “É um milagre estarmos vivos. A troca de tiros foi intensa”, acrescentou o policial.
Armas, incluindo fuzis, escopetas calibre 12 e pistolas, foram apreendidas no local. Os policiais também encontraram explosivos, dinheiro, e a caminhonete utilizada na ação em Águas Belas. Ao todo, 11 suspeitos morreram no confronto.