Acusado de estuprar e matar a fisioterapeuta Tassia Mirella de Sena Araújo, aos 28 anos, no dia 5 de abril de 2017, o comerciante Edvan Luiz da Silva, 34, foi condenado a 30 anos de reclusão. O julgamento começou por volta das 9h30 desta segunda-feira (5), na 3ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Thomaz de Aquino, em Santo Antônio, Centro do Recife. O juiz Pedro Odilon de Alencar leu a sentença por volta das 19h30.
Dos 30 anos a que Edvan foi sentenciado, seis anos foram pelo estupro e 24 pelo homicídio, que teve como qualificadoras feminicídio, emprego de meio cruel, recurso que tornou impossível a defesa da vítima e crime cometido para asssegurar ocultação/impunidade de outro crime.
O comerciante teve a prisão preventiva decretada no dia 6 de abril de 2017. Ele está no Presídio de Igarassu, no Grande Recife.
Emocionada, a mãe da vítima, Suely Araújo, considerou uma vitória a decisão. “A sentença foi justa. Nós só queríamos justiça, era isso que eu pedia. Que a luta dela não tivesse sido em vão. Eu não tenho mais minha filha de volta, mas pelo menos ela lutou e conseguiu a justiça. A de Deus sei que é certa e a da gente é um pouco falha, mas eu estou feliz, não foi em vão, nada”, contou em meio a lágrimas.
"Nossa luta não é só por Mirella, é por todas que vivem essa tragédia, a todas as mães também que sofrem e passam pelo que eu to passando, eu dedico essa sentença a todas elas e vou continuar lutando”, completou.
O julgamento começou por volta das 9h30. No início, foram sorteados sete jurados, entre 25 pessoas, para compor o Conselho de Sentença, que foi formado por quatro mulheres e três homens. Quatro testemunhas de acusação foram ouvidas e, em seguida, houve a exibição de vídeos dos depoimentos gravados durante a fase de instrução do processo.
O réu foi interrogado após a oitiva das testemunhas e negou o crime. Após o interrogatório, houve a fase de debates, começando com a argumentação do Ministério Público. Foram exibidos depoimentos de audiências de testemunhas arroladas pelo MP e ainda imagens do corpo da vítima após a morte. A defesa questionou os resultados laudos periciais. Não houve réplica e nem tréplica.
No término do julgamento, a defesa de Edvan recorreu.“Eu espero que a gente tenha uma forma mais democrática de resolver isso. Quem assistiu minha fala viu a que ponto a gente chegou, perto de uma solução ainda mais ampla”, disse o advogado Gilberto Marques.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), na manhã de 5 de abril de 2017, por volta das 7h, em um apartamento na Rua Ribeiro de Brito, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, Edvan constrangeu Mirella, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ela se praticasse outra ato libidinoso, bem como, fazendo uso de instrumento cortante cometeu o assassinato. Os vizinhos ouviram os gritos da fisioterapeuta e acionaram a polícia.
O corpo estava no meio da sala, despido, com um corte profundo no pescoço e outro na mão, indicando que ela tentou se defender. A perícia encontrou DNA do comerciante sob as unhas dela. O sangue que levava até o apartamento dele e encontrado em sua blusa também eram de Mirella.