Impotência sexual por trás do câncer de pênis

Pesquisa de médico do Hospital de Câncer de Pernambuco mostra que 62,5% dos pacientes submetidos à amputação parcial do órgão têm disfunção erétil
Cinthya Leite
Publicado em 24/01/2015 às 13:00
Pesquisa de médico do Hospital de Câncer de Pernambuco mostra que 62,5% dos pacientes submetidos à amputação parcial do órgão têm disfunção erétil Foto: Diego Nigro/JC Imagem


A agressividade do câncer de pênis e o caráter mutilador do tratamento cirúrgico assustam. Muitos pacientes que precisam se submeter à amputação parcial do órgão também passam a enfrentar o embaraço imposto pela disfunção erétil (popularmente conhecida como impotência sexual), caracterizada pela dificuldade persistente de se obter e/ou manter uma ereção capaz de permitir atividade sexual adequada.

Essa explicação é do urologista Leonardo Lima Monteiro, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Ao analisar 40 pacientes da unidade que se submeteram à amputação parcial do pênis, ele constatou que esse tipo de cirurgia, também chamada de penectomia, afeta a função erétil.

A pesquisa, desenvolvida pelo médico durante o mestrado em ciências da saúde realizado na Universidade de Pernambuco (UPE), mostrou que 62,5% desses pacientes, com média de idade de 61 anos, queixam-se de disfunção erétil. “Também observamos que, entre esses homens, a impotência se apresenta em intensidades moderada e grave, diferentemente do grupo-controle, formado por uma parcela masculina que não se submeteu à penectomia e que tem disfunção erétil leve, em torno de 26% dos entrevistados.”

Nos casos em que a cirurgia preserva parte do órgão, o paciente tem chances de conseguir manter uma ereção, porém com diminuição do tamanho peniano. “O problema é que o abalo psicológico que geralmente acompanha a mutilação do pênis é intenso. Por esse motivo, muitos homens têm dificuldade para ter atividade sexual”, ressalta Leonardo. 

A pesquisa também considerou outras variáveis que influenciam a impotência sexual. Como a taxa de prevalência da disfunção erétil tem estreita relação com problemas de saúde epidêmicos, o médico investigou a presença de diabete, hipertensão arterial e tabagismo na população estudada. “São algumas das condições que interferem na atividade sexual.” 

O urologista ainda alerta para a prevenção do câncer de pênis, que pode ser feita através de hábitos simples. Na maioria dos casos, basta lavar o órgão sempre com água e sabão – a conduta deve ser adotada na hora do banho e após a relação sexual. “A doença está relacionada a baixas condições socioeconômicas e pouca educação em saúde. A má higiene íntima leva a uma inflamação peniana crônica, considerada um fator de risco alto para o desenvolvimento do tumor.”

Todas as semanas, ele atende homens no HCP que enfrentam o câncer de pênis. “É uma realidade bem diferente dos países desenvolvidos”, diz Leonardo, que fez aperfeiçoamento em uro-oncologia no MD Anderson Cancer Center (EUA) e no Princess Margaret Hospital (Canadá). “Passei um ano em cada unidade e, ao todo, só vi três casos da doença. É um exemplo de que esse tipo de tumor é raríssimo nos países com melhores indicadores socioeconômicos.” O médico acrescenta que, entre os participantes do estudo, 64% recebiam até um salário mínimo. 

Leia a matéria completa no caderno Cidades deste domingo (25/1)

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