Equoterapia ameaçada por falta de verbas

Único local a oferecer o serviço gratuitamente no Estado, o Centro Elohim, no Parque de Exposições, poderá suspender atendimentos em setembro
Maria Regina Jardim
Publicado em 20/08/2015 às 8:00
Único local a oferecer o serviço gratuitamente no Estado, o Centro Elohim, no Parque de Exposições, poderá suspender atendimentos em setembro. Foto: Foto: Diego Nigro/JC Imagem


Há três meses sem receber repasses do Estado, o Centro Elohim de Equoterapia (Ceeq), localizado no Parque de Exposições, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, ameaça suspender o atendimento gratuito a 98 crianças com deficiências ou necessidade de acompanhamento diferenciado já em setembro. Atualmente, a instituição é a única em Pernambuco a oferecer o tratamento, que utiliza o cavalo como instrumento de reabilitação, a pacientes carentes. O serviço é concedido por meio de um convênio firmado com a Secretária Estadual de Saúde (SES) em 2012.

Preocupados, pais de pacientes do Ceeq protestarão hoje, às 14h, em frente à SES. O objetivo, segundo o grupo, é pressionar o governo e tentar um diálogo. “Meu filho tem 11 anos e vive com autismo. O tratamento é fundamental para o desenvolvimento dele. Não posso admitir que o atendimento seja interrompido dessa forma”, contestou o contador Cleomildo Carvalho, 41 anos. “Desde o início da semana, a gente tenta entrar em contato com a secretaria e não consegue. Vamos lá na tentativa de obter uma resposta”, contou.

Segundo a diretora estadual do centro, Ana Paula Nóbrega, o investimento do Estado é de cerca de RS 12 mil mensais. “Tentamos todos as formas de nos manter e continuar o atendimento às famílias que não podem pagar pelo serviço. Desde maio, não recebemos repasses. Se não conseguirmos verbas até o final do mês, não há mais nada que possamos fazer”, lamentou a gestora.

Reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, a equoterapia é capaz de promover o desenvolvimento físico, cognitivo, social e afetivo de crianças a partir de 2 anos. Sem limitar uma idade máxima, o tratamento usa o cavalo como um instrumento cinesioterapêutico, ou seja, de estímulo ao equilíbrio. “O cavalo se torna um estímulo para o praticante, trabalhando questões como a coordenação motora. Além disso, a parte relacional dos pacientes também é trabalhada”, explica Ana Paula Nóbrega.

O Centro Elohim de Equoterapia existe há seis anos como uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), sem fins lucrativos. Atende cerca de 120 praticantes - 20 são mantenedores, colaboram mensalmente com os custos da instituição. Os outros praticantes recebem tratamento financiado pelo governo. São encaminhados pelo Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Imip), pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e pelos hospitais Barão de Lucena e Agamenon Magalhães.

O local não era o único a oferecer o recurso terapêutico gratuitamente na capital pernambucana. Até dezembro de 2013, o Centro de Equoterapia da Polícia Militar de Pernambuco, localizado no Regimento de Polícia Montada Dias Cardoso, em San Martin, Zona Oeste, também realizava o atendimento a cerca de 120 pacientes com deficiências múltiplas. O serviço foi interrompido devido a um foco de mormo, doença infectocontagiosa incurável e letal que ataca o sistema respiratório do cavalo. Não há previsão de volta.

A SES informou que também não há um prazo para o pagamento dos recursos ao Ceeq, mas está negociando com a direção do centro e se esforçando para regularizar os repasses. De acordo com o órgão, a instituição é um parceiro do Estado na ampliação dos serviços de tratamento complementar para pessoas com deficiência.

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