Saúde

Microcefalia: Gestantes apresentam ansiedade em dobro com aumento de casos

Casais grávidos aceleram consultas e reforçam exames para saber de possíveis anomalias no feto. Tamanho da cabeça é o principal questionamento

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 14/11/2015 às 5:04
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Casais grávidos aceleram consultas e reforçam exames para saber de possíveis anomalias no feto. Tamanho da cabeça é o principal questionamento - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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A gestação é uma experiência que envolve expectativas pela chegada do bebê e, para a mulher aproveitar cada fase de forma plena, é natural que os médicos recomendem cuidados e uma rotina de pré-natal que jamais deve ser colocada em segundo plano. Diante do avanço no número de recém-nascidos com microcefalia (condição em que o tamanho da cabeça é menor do que o normal para a idade), é comum as grávidas estarem com várias dúvidas, especialmente pelo fato de não ter sido identificada a causa desse evento inusitado, que surpreende os mais experientes epidemiologistas.

“Tenho percebido, na rotina de ultrassonografista, muita ansiedade nas gestantes. A primeira coisa que querem saber é sobre o tamanho da cabeça do feto”, diz o obstetra Carlos Reinaldo Marques, que acompanha gestantes nas redes pública e privada. A economista Milena Galdino, 33 anos, casada com o também economista Matjaz Zidarie, 34, diz que gostaria que a causa desse avanço da microcefalia fosse identificada rapidamente. "É uma situação que tem trazido muitas dúvidas para nós, gestantes. Acabei de fazer um ultrassom e perguntei logo pelo tamanho da cabeça dos bebês. Está tudo dentro da normalidade”, conta Milena, que espera um casal de gêmeos.

 

Das 30 mulheres que Carlos Reinaldo atendeu ontem durante ultrassom, cinco foram às unidades de saúde para realizar o exame apenas para saber sobre o perímetro cefálico do bebê. “A maioria também questiona sobre repelentes que podem ser usados na gestação sem o risco de prejudicar o feto”, informa Carlos Reinaldo. Como há a hipótese de que o aumento na incidência de microcefalia possa ter relação com doenças transmitidas por mosquitos, é importante que as grávidas perguntem ao médico o tipo de repelente que pode ser usado. 

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O Ministério da Saúde (MS) reforçou ontem que, até se esclarecerem as causas do avanço da anomalia congênita, as mulheres que planejam engravidar devem conversar com seus médicos de confiança. “Em Pernambuco, não há indicação formal para mulheres não engravidarem”, frisa a chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Ângela Rocha. Para ela, a principal recomendação é que as gestantes continuem a realizar um pré-natal cuidadoso. O MS considera seis consultas o número mínimo para uma assistência saudável. Na rede privada, essas visitas ao médico são realizadas com mais frequência.

“Durante o ultrassom, geralmente é possível detectar a microcefalia, principalmente após a 30ª semana de gestação, quando começa a avançar a curva de crescimento do bebê”, diz Carlos Reinaldo, que já observou recentemente, durante ultrassonografia em três gestantes, fetos com perímetro cefálico menor do que o esperado para a idade gestacional.

Também especialista em reprodução humana assistida, ele tem orientado mulheres que passam por tratamento para engravidar. “A maior parte dos médicos está conversando com as pacientes e deixando para fazer fertilização in vitro, por exemplo, depois que o verão passar. Mas será que isso vale a pena? Ainda não sabemos”, ressalta o médico, com base na premissa de que ainda não há como prever o percentual de bebês que pode ser afetado, caso a mulher desenvolva alguma doença infecciosa, como a zika, na gestação.

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