Em boletim divulgado nessa terça-feira (8), a Secretaria Estadual de Saúde confirmou o primeiro caso de óbito decorrente de chicungunha este ano em Pernambuco. A morte foi investigada pela Secretaria de Saúde do Recife. A paciente tinha 88 anos e faleceu no dia 21 de fevereiro, em um hospital particular. A idosa adoeceu no dia 11 de janeiro e chegou a receber atendimento hospitalar por três vezes. Em uma delas, foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A confirmação laboratorial foi feita por meio de duas técnicas diferentes que deram resultados positivos para a presença de anticorpos de chicungunha e de fragmentos do vírus.
A secretária-executiva de Vigilância à Saúde do Recife, Cristiane Penaforte, informou que a paciente morava na Ilha do Retiro, na Zona Oeste da capital, bairro que apresenta o 4º maior número de casos de adoecimentos por arboviroses. Ela chamou a atenção dos moradores da região para reforçar o controle dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chicungunha. “É fundamental manter os cuidados porque esse bairro continua com um número muito alto de pessoas infectadas pelo mosquito. Não podemos relaxar na prevenção”, destacou Cristiane Penaforte.
Comparado com o balanço divulgado na semana passada, houve um aumento de mais de mil casos suspeitos de zika no Estado. O número saltou de 3.746 para 4.849 casos notificados. Em relação à chicungunha, as notificações aumentaram de 6.076 para 9.160 casos.
Um dado chama atenção no boletim. Já foram notificados 84 óbitos suspeitos em Pernambuco, entre os dias 3 de janeiro e 5 de março. No mesmo período de 2015, esse número era de apenas nove óbitos suspeitos. O diretor-geral de controle de doenças e agravos da Secretaria Estadual de Saúde, George Dimech, aponta três fatores que contribuíram para um aumento tão expressivo do número de mortes suspeitas notificadas.
Primeiro, o fato de o Estado ter enfrentado, no ano passado, apenas a epidemia de dengue. Este ano, são três arboviroses que assustam os pernambucanos. “A explosão de casos aumentou também a pressão nos serviços de saúde pública, comprometendo o atendimento prestado à população”, afirma. Por último, George observa que houve uma melhoria do sistema de vigilância para identificação dos casos. “Hoje o sistema de saúde é extremamente sensível para monitorar os casos suspeitos. Antes esse controle não era tão rigoroso. É possível que, no ano passado, tenham ocorrido mais mortes suspeitas que escaparam ao rastreamento”, compara.
Sobre os registros de microcefalia, o diretor afirma que vem sendo observada uma redução do número de novos casos suspeitos. No meio de novembro do ano passado, chegou-se a registrar, em média, 190 novos casos por semana. Desde o início de dezembro, essa quantidade vem caindo. Hoje a média semanal é de 40 novos casos suspeitos. “O percentual ainda é muito alto, mas a curva se mantém decrescente”, explica. De 1º de agosto do ano passado até 5 de março deste ano, já foram notificados 1.722 casos suspeitos de microcefalia. Desse total, 215 foram confirmados e 267, descartados. Os demais ainda estão sob investigação.