Maternidades superlotadas no Grande Recife são ameaça ao direito de nascer

Em Olinda, em Jaboatão dos Guararapes e no Recife, maternidades têm registrado constantemente demanda maior que a capacidade de leitos
Cinthya Leite
Publicado em 15/03/2017 às 10:30
Em Olinda, em Jaboatão dos Guararapes e no Recife, maternidades têm registrado constantemente demanda maior que a capacidade de leitos Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


Não são apenas as maternidades que atendem gestantes de alto risco que vivem as consequências da superlotação. Nos serviços de assistência a mulheres em trabalho de parto com risco habitual, a realidade é a mesma. Em Olinda, no Grande Recife, onde a Maternidade Brites de Albuquerque está fechada há quatro anos, a do Hospital do Tricentenário tem registrado constantemente demanda maior que a capacidade de leitos, segundo a assessoria de imprensa da unidade. Em nota, diz que o estabelecimento conta com 30 leitos e tem realizado uma média de 80 atendimentos por plantão de 12 horas.

E Jaboatão dos Guararapes, também no Grande Recife, sem maternidade municipal, precisou firmar convênio com o Hospital Memorial Guararapes, da rede particular. A unidade, segundo a assessoria de imprensa do município, realiza de 400 a 420 partos por mês. No ano passado, o Memorial Guararapes contabilizou 4.157 procedimentos, sendo o sétimo no ranking dos que mais realizam partos em Pernambuco, segundo lista dos estabelecimentos de saúde do Estado que contempla atividades da rede pública e conveniada ao Sistema Único de Saúde. Em primeiro lugar, está o Hospital Dom Malan, em Petrolina (Sertão), com 7.158 partos em 2016. Em seguida, vem o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), com 5.742 partos no mesmo ano. 

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A Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, desponta entre as dez que mais realizam parto no Estado. A unidade contabilizou 3.861 partos (9ª posição no ranking) no ano passado – número maior que o registrado no Hospital Agamenon Magalhães, com 3.594 partos. Das maternidades da rede municipal de saúde, a Barros Lima é a que mais realiza o procedimento. Em janeiro, segundo a diretora-executiva de Atenção à Saúde do Recife, Eliane Germano, as quatro unidades da Secretaria Municipal de Saúde, realizaram 1.030 partos (325 na Barros Lima; 265 no Hospital da Mulher do Recife; 225 na Policlínica e Maternidade Professor Arnaldo Marques e 216 na Bandeira Filho).

“O maior problema da rede de saúde do Recife é que, do total de partos realizados, de 30% a 35% são de pacientes que vêm de outros municípios, especialmente dos mais próximos à capital. E nos fins de semana, esse percentual chega a 60% porque vêm mulheres do interior”, esclarece Eliane Germano. Ela exemplifica que a Maternidade Arnaldo Marques, no Ibura, Zona Sul do Recife, tem recebido gestantes de Jaboatão.

ALTO RISCO

Sobre o Hospital da Mulher do Recife (HMR), no Curado, Zona Oeste da cidade, ela garante que a unidade passará a realizar partos de alto risco até o fim do ano. Em 2016, o hospital contabilizou 1.477 partos, assumindo a 22ª posição dos estabelecimentos que mais realizam partos no Estado. Em nota, o HMR informa que os serviços estão sendo abertos por etapa e que as unidades de terapia intensiva e de cuidados intermediários devem ser inauguradas à medida que os serviços recebam a habilitação do Ministério da Saúde, o que vai ocorrer este ano.

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