O Hospital Barão de Lucena, localizado no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, oferece o serviço de colostomia, que significa uma exteriorização no abdome de uma parte do intestino grosso para eliminação de fezes. Contudo, realizar esse procedimento no local está complicado. "Os pacientes improvisam: eles estão colocando até sacola de supermercado e camisinha feminina para poder economizar", afirmou a vice-presidente da associação dos ostomizados, Madalena Vasconcelos.
Segundo diversos pacientes, as viagens para ir ao local em que se entrega o material adequado, estão sendo perdidas. Além do atraso na entrega de bolsas de colostomia, alguns pacientes estão precisando improvisar já que não há como evacuar as fezes normalmente. Em Pernambuco, cerca de duas mil pessoas necessitam do material para ter uma melhor qualidade de vida.
A vice-presidente ainda alerta que o sofrimento é indescritível. "Não tem previsão de quando vão chegar as bolsas. É que não tem a verba pra comprar o nosso material porque ela vem federal, ela não vem específica só para ostomizado. Vem para manter o hospital. Eles tiram uma parte para comprar nosso material, mas até agora não compraram nada".
A direção do Hospital Barão de Lucena informa que a chegada das bolsas de colostomia depende de uma licitação em andamento. O infectologista Felipe Prochasca alerta para os riscos do procedimento, sobretudo com itens alternativos. "Toda adptação (com esse material) já começa errada. E aí ao se adaptar você aumenta os riscos. A bolsa de urina, por exemplo, ela não é hermeticamente fechada, grudada à pele, e a tendência é não conseguir coletar nada que seja pastoso ou sólido. Ela já tem uma tendência de entupir com facilidade, fazendo com que haja exposição maior da ferida".
A colostomia é uma bolsa de plástico hermeticamente fechada para proteger o ambiente a pessoa que está utilizando. "Quando se usa sacola está tirando um acumulo de detritos, mas fezes e líquidos continuam saindo e ficando expostos. A sacola não é, em nenhum momento, alternativa".
No último mês de julho, pacientes cobraram melhores condições de tratamento no Hospital Barão de Lucena. O grupo era formado por cerca de dez pacientes ostomizados, que tratam câncer colorretal e de intestino.
Segundo o paciente Edvaldo Oliveira, que convocou, faltam as bolsas coletoras de fezes e urinas. "Quem pode comprar, está comprando. Quem não pode usa sacolas plásticas de açúcar, farinha, sabugo de milho", declara. Ele utiliza a bolsa há cinco anos, após ser vítima de um câncer, e pelo menos desde janeiro, não recebe os materiais com a frequência necessária.
Na época, por meio de uma nota, a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pelo Hospital Barão de Lucena, afirmou que a unidade possui diferentes padrões de bolsas ostomizadas e que a falta é de alguns itens, "que já estão em fase final do processo licitatório para que o estoque seja reestabelecido no menor tempo possível". A secretaria também diz que o processo de compra está sendo finalizado e que os pacientes "podem procurar a unidade para passar por uma avaliação e fazer a substituição temporária do tipo de bolsa, sem prejuízo ao tratamento do usuário do SUS".