Na manhã desta quarta-feira (14), o pedreiro José Miguel da Silva Filho, de 34 anos, passou pela dor de enterrar sua filha de apenas 12 anos, falecida na última terça (13). Geisilane Monique Silva do Nascimento estave internada por 16 dias na UTI do Hospital Oswaldo Cruz com suspeita de dengue grave - popularmente conhecida como dengue hemorrágica. A doença, segundo o atestado de óbito, está sendo tratada como a principal causa da morte da menina.
Segundo José, os primeiros sintomas da filha foram febre, dor de cabeça e no estômago e muito vômito, sentidos no dia 25 de outubro. "Tudo que comia ela colocava pra fora. O organismo não estava aceitando nada", conta. Diante do mal estar da menina, o pai conta que a levou primeiro até a UPA de Nova Descoberta, e que Geisilane foi medicada e mandada de volta para casa. "O médico disse que se a febre não baixasse em 24h eu teria que levar ela de volta", relembra.
Após um dia inteiro sem apresentar melhoras, o pedreiro levou a filha de volta à UPA, e em seguida a menina foi transferida para o Hospital Barão de Lucena antes de, por fim, ser internada no Oswaldo Cruz, onde ficou até seu último dia de vida. Segundo o pai, a causa da morte teria sido um derrame cerebral em decorrência da dengue grave.
"Onde moro é uma área descampada. Não tem vigilância sanitária, agente de saúde. Não vai ninguém lá. A gente vive a mercê. Não passa nada. Se precisar de um bom posto de saúde, só em Beberibe ou particular", desabafa José, morador de Passarinho, no Recife. Ele conta ainda que também chegou a ter dengue recentemente, mas que conseguiu melhorar com o uso de medicação. Na sua família, fora Geisilane, ninguém mais havia sido diagnosticado com dengue até então.
A Diretoria de Vigilância à Saúde do Recife afirmou que foi notificada sobre o caso e irá investigar, mas que ainda não é possível confirmar qual teria sido o motivo do óbito. Confira a nota na íntegra:
"A Diretoria de Vigilância à Saúde do Recife recebeu do Hospital Oswaldo Cruz (HUOC), ontem, terça-feira (13), notificação de um óbito suspeito de arbovirose, podendo ser dengue grave , de uma menor de 12 anos, do sexo feminino, cor parda, residente no bairro de Nova Descoberta. Os primeiros sintomas foram registrados no dia 25 de outubro e a paciente deu entrada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no dia 28 de outubro, com febre, vômitos, dor abdominal intensa e contínua, plaquetopenia (plaquetas baixas), sangramento de mucosas/outras hemorragias e hepatomegalia (aumento do fígado). Foram coletadas amostras de sangue para processamento sorológico das arboviroses e leptospirose. No dia 09 de outubro foi liberado resultado não reagente para leptospirose. Os demais resultados estão em investigação pela Vigilância Epidemiológica do Recife."