Nesta sexta-feira (27), quando é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) apela para que possíveis doadores de medula óssea atualizem seus dados no site redome.inca.gov.br. Em Pernambuco, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), nas Graças, Zona Norte do Recife, incentiva um ato simples que pode salvar muitas vidas e cadastra neste sábado (28) novos doadores, das 8h às 14h.
Durante este mês – o Setembro Verde – campanha alerta para a necessidade dos pacientes e tenta sensibilizar familiares e possíveis doadores. Doações em caso de óbito dependem da autorização da família. Outras, precisam apenas de boa-vontade, como a de medula. Este ano, Pernambuco realizou até agosto 165 transplantes do tipo. Um deles foi o da estudante de medicina Ana Luiza Guimarães, 25 anos.
Ana Luiza começou tratamento contra leucemia no ano passado. Durante a quimioterapia, a equipe médica sugeriu o transplante como melhor alternativa. Apartir daí, começou a corrida pela medula. “Fizemos campanhas com amigos e compartilhamos nas redes sociais. Um dia encontraram um 90% compatível, mas não é o ideal. Depois surgiu a ideia de usar a medula do meu irmão, 50% compatível.” O transplante aconteceu em junho. “Deu tudo certo, meu corpo está reagindo e as células se desenvolvendo bem. Para o outro pode não ser nada, mas para quem recebe é tudo. Ter meu irmão como doador foi ainda mais especial.”
O organizador de eventos Adriano Guimarães não pensou duas vezes em ajudar a irmã. “Eu não era cadastrado. Confesso que tive um pouco de medo, mas é coisa simples. Demorou cerca de quatro horas e foi tranquilo. Faria de novo por ela e por qualquer outra pessoa.” Segundo a coordenadora de cadastramento de doadores de medula do Hemope, Josiete Tavares, a probabilidade de irmãos de mesmos pai e mãe serem compatíveis é de 25%. A chance de compatibilidade sem vínculo familiar é de um para 100 mil. O que reforça a importância de cadastro atualizado. Em Pernambuco, que tem cerca de 9 milhões de habitantes, existem, em média, 140 mil cadastrados como doadoras de medula. Para cadastrar-se, a pessoa deve procurar a unidade do Hemope em Recife, Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada, Arcoverde, Ouricuri ou Petrolina.
Em 2018, o Estado ficou em primeiro lugar no Norte e Nordeste no número de transplantes diversos. De janeiro a agosto deste ano, mais de mil procedimentos aconteceram. Mas a espera continua. “A fila é única e o critério é o de necessidade e compatibilidade”, explica a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes. No caso de córneas, a espera média é de um mês. Quem sabe bem da importância de receber um órgão é a dona de casa Edilene Veríssimo, 53 anos. Em 2016 ela recebeu fígado e rim novos e encerrou um sofrimento de mais de 20 anos. “Os hospitais faziam parte da minha rotina. Após o transplante minha vida mudou pra melhor. Parece clichê, mas eu renasci, e sou muito grata”, disse Edilene, que não conhece o doador. Ela e Ana Luiza realizaram o procedimento no Hospital Português, por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).