CAMPINA GRANDE, Paraíba. O show vai começar. De modo assustador e intrigante, o rosto em formato gigante do húngaro radicado em São Paulo Franz Czeisler aparece no fundo do palco contando um pouco da história, de mais de cinco décadas, do circo que criou. Considerado um dos mais importantes da América Latina, o Tihany Spectacular inicia temporada no Recife, após 13 anos, na próxima sexta (28), onde apresenta o espetáculo AbraKadabra, em área próxima ao Hospital da Aeronáutica, em Boa Viagem.
O mágico e diretor executivo, Richard Morrone, 59 anos, diz ter dificuldades para conceituar o trabalho desenvolvido pela companhia, atualmente se apresentando em Campina Grande. “Não sei definir se fazemos um circo tradicional ou contemporâneo. Creio que nosso estilo é o estilo Tihany”, resume o argentino. Cheio de trejeitos, ótimo domínio sobre o palco de 900 metros quadrados e forte sotaque, Morrone executa com bastante carisma sua série, causando espanto nas famílias presentes.
Com exceção de alguns pombos e cães amestrados, com os quais as crianças adoram ser fotografadas, não há animais selvagens neste circo. “Já chegamos a usar tigres siberianos, por exemplo, mas nunca foi o foco principal. O que mais importa para nós é a magia”, defende Morrone.
Além do ilusionismo, o Tihany oferece ao público performances de 76 competentes. São malabaristas, ginastas, contorcionistas vindas da Mongólia e equilibristas que arrancam muitos aplausos, gritos e sustos. Os números de acrobacia e malabarismo nas alturas são mesmo de tirar o fôlego.
O venezuelano Henry Ayala Júnior, 32 anos, é o responsável pelas palhaçadas. Integrante da quinta geração de uma família de circenses, ele é uma das grandes estrelas do espetáculo. Grande fã de Charles Chaplin, Henry consegue cativar e interagir animadamente com crianças e adultos apenas com gestos e mímica. “Também gosto muito dos Três Patetas e Mr. Bean. Mas Chaplin é mestre. É incrível como ele se faz entender em suas comédias e a maneira como transmite felicidade e alegria sem falar nada”, ressalta.
O corpo de baile do Tihany desenvolve vistosos números de dança e musicais, que remontam aos realizados em Las Vegas ou na Broadway. Tudo com muito brilho, figurino luxuoso e sensual. Petra Albano é uma das 24 bailarinas, de várias nacionalidades, que integram a trupe do circo. Nascida na Argentina, Petra conta que não teve dificuldades para se integrar ao grupo e aprender os passos. “No início das temporadas, todas sempre ficam muito nervosas. Mas, depois, nos acostumamos. Emoção tem sempre, sem ela não teria muita graça”, observa. E a rotina de viagens e a vida nos picadeiros? “A gente conhece muita coisa, a cultura de cada lugar, as pessoas. Você trabalha e faz turismo. Mas não é uma vida tão fácil”, diz a moça em portunhol, também revelando que não pretende trabalhar em circo por toda a vida. Ao falarmos sobre a riqueza da cultura pernambucana, Petra se mostrou particularmente interessada em conhecer escolas de frevo e danças populares do Recife.
Leia a reportagem completa no Caderno C deste domingo (23).