Heloísa Perissé lota o Santa Isabel

Com texto mediano e atuação brilhante, a atriz apresentou seu primeiro monólogo
Bruno Albertim
Publicado em 22/09/2014 às 9:23
Com texto mediano e atuação brilhante, a atriz apresentou seu primeiro monólogo Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


    O texto, bem, o texto avança pouco diante dos dilemas de relações de classe média desde que a Comédia da Vida Privada, de Veríssimo, ganhou sua versão para TV, nos anos 1990, e uma série de humorísticos mais ou menos inteligentes vem tomando conta dos canais e palcos numa fórmula que parece inesgotável. É mesmo no brilho da intérprete que o monólogo E foram quase felizes para sempre se sustenta.
    Escrito e protagonizado pela já veterana Heloísa Perissé, o  monólogo apresentado nos últimos sábado e domingo lotou,  da plateia às torres,  o Teatro de Santa Isabel. Com um humor e ritmo francamente híbrido entre os sitcons de TV e os stand-ups comedys que serão a grande marca desta década nos palcos brasileiros, o texto traz uma escritora em crise após ter se saperado às vésperas de lançar seu primeiro livro ­- não por acaso, um guia de viagens para casais.
    Se é bem verdade que Perissé consegue  abrir algumas novas frestas cômicas aqui e ali sobre as piadas de relacionamento a que já estamos bem acostumados a ouvir, não é menos verdade que, com outra intérprete, o texto teria a mesma eficiência de um projeto de evangelização num domingo de Carnaval em Olinda. Com uma comicidade escorrendo pelos póros, carisma indomável e uma capacidade de fazer tipos acima da versatilidade, Perissé, contudo, é das atrizes capazes de fazer até leitura de bula de remédio ficar engraçada.
    Dona de uma teatralidade notável, interpreta a personagem-narradora principal e os secundários que lhe vão aparecendo no percurso. Impressionante e fidelizante sua alternância de voz e corpo entre a escritora-protagonista, a psicanalista, o marido, a melhor amiga lésbica e até uma prostituta pernambucana "descendente" de Maurício de Nassau com quem ela e o marido engatam e abortam a ideia de um menage a trois em Amsterdã. Mesmo quando trata de temas como triângulos sexuais, aliás, a comédia não perde a moldura "diversão para toda a família".
   

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