Viola Davis comprou os direitos de adaptação da peça O Beijo no Asfalto (1960), de Nelson Rodrigues, e deve transformar a consagrada peça do brasileiro em um projeto da Broadway e também numa produção para cinema ou TV. A parceria foi firmada entre o espólio de Nelson Rodrigues, a empresa JuVee Productions (de Viola Davis e Julius Tennon) e a Wise Entertainment, cofundada pelo neto do dramaturgo, Mauricio Mota. As informações são do portal americano Deadline.
A Wise Entertainment e a JuVee Productions estão planejando temporadas na Broadway e em Los Angeles para a peça, e já estão em busca de escritores e diretores para a adaptação para as telas.
"O Beijo no Asfalto fala da brutalidade da polícia no Brasil", disse ao site a presidente do espólio, e filha do autor, Sonia Rodrigues. "É sobre desrespeito contra as mulheres - especificamente a tortura contra as mulheres pobres e negras pela polícia. A peça abordou 'fake news' muito antes da invenção do termo. E também aborda a homofobia pelo retrato do amor de um homem pelo outro, mesmo que os personagens na trama não tenham a mínima ideia do que essa palavra significa."
Ela também afirma que é um prazer firmar a parceria com produtores premiados, como Davis e Tennon.
Uma das peças mais conhecidas de Rodrigues, O Beijo no Asfalto segue o caminho de Arandir, um jovem que vai tentar ajudar um moribundo numa praça no Rio. Ao perceber que está prestes a morrer, o estranho pede um beijo, Arandir concede e o ato de compaixão faz deslanchar uma polêmica midiática fora de controle
"Nós temos objetivos similares e nossas vozes coletivas ressoam no zeitgeist e ao redor do mundo conforme elas se relacionam com as narrativas das pessoas de cor", disse o copresidente da JuVee, Julius Tennon. "Eu dividi isso com Viola, e ela está tão animada quanto eu. Então, nós, coletivamente, estamos nos movendo e trabalhando pelo melhor de Nelson Rodrigues."
Em 2018, uma versão de O Beijo no Asfalto ganhou as telonas do País numa versão adaptada por Murilo Benício, com Lázaro Ramos no papel principal. A adaptação foi elogiada pela crítica por conta da criatividade com que o diretor abordou a trama.
Também em 2018, a peça teve uma montagem musical, que ficou em curta temporada em São Paulo, no Sesc Vila Mariana. A adaptação foi uma parceria do encenador João Fonseca e do ator e compositor Claudio Lins.