As obras no Teatro do Parque parecem tomar rumo para serem finalizadas em agosto de 2020, mesmo que a placa em sua entrada indique outubro próximo como prazo final da empreitada.
Na manhã de ontem, foi realizada uma visita guiada por Simone Osias, gerente geral de projetos do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, que foi seguida por membros da comissão permanente de acompanhamento das obras, criada em audiência pública solicitada pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), que também esteve no espaço.
A visita foi motivada pelo aditivo do contrato das obras, que estipulou a nova data de entrega. O custo final está em R$ 8,1 milhões, inicialmente calculado para R$ 5,5 milhões. A maior preocupação agora é referente aos lançamentos das licitações em relação aos equipamentos do espaço.
No interior do edifício, que tem suas portas fechadas ao público desde 2010, andaimes e trabalhadores ocupam as instalações, realizando as obras de restauro. Panos brancos e lonas protegem elementos em etapa de acabamento, mas que precisam aguardar o restante das obras para serem concluídos. Dentro da área onde está localizada a plateia, vemos um dos motivos para o adiamento. As colunas do local apresentaram lacunas em sua parte interior de ferro, precisando de verificação e serviços que levaram ao prolongamento do contrato.
"As surpresas foram as maiores dificuldades. Existiam pouquíssimos registros documentais acerca do teatro. Nos deparamos muitas vezes com mudanças como a descoberta da cor original das colunas, diferente da que pensamos. Não podemos garantir que será entregue no prazo de agosto, mas garantimos que estamos fazendo todo esforço para isso", explica Simone.
Para o vereador Ivan Moraes, este mês pode ser definitivo para saber ou não se o Teatro do Parque será entregue em agosto de 2020, mês da primeira celebração do Dia Municipal do Teatro, aprovado no último dia 24, além do aniversário de 105 anos do equipamento. Segundo ele, as cinco licitações pendentes, envolvendo equipação do cineteatro, de audiodescrição, além do mobiliário administrativo e das cadeiras do camarote.
"Sabemos que muitos desses equipamentos vêm de fora do país e não se compram de uma hora pra outra. Se esses editais não saem em setembro, como a Prefeitura garante que vai sair, é possível que a gente não consiga inaugurar o teatro até agosto do ano que vem. O prazo está sendo muito empurrado, já é a segunda vez que nos damos conta de que vai haver um adiamento", relata Ivan. Para ele, as obras estão caminhando e não deve faltar recurso para o que já está licitado, sem margem para outro eventual adiamento.
O Teatro do Parque fechou suas portas em 2010, durante a gestão do prefeito João da Costa, por problemas estruturais. Três anos depois, passou por serviços emergenciais de reparação e, no final de 2014, na gestão Geraldo Júlio, sua reforma foi autorizada, após pressão de movimentos civis.
No ano seguinte, as obras foram paralisadas após seis meses de seu início. A construtora alegou falta de repasses por parte da Prefeitura. Passando pela suspensão da licitação da empresa de 2015 e o lançamento de outra concorrência, vencida pela Multicon Engenharia, as reformas foram retomadas em 2018, ficando prevista para terminar em novembro deste ano, o que não acontecerá.
O Teatro do Parque foi inaugurado em 1915 e passou a ser patrimônio da Prefeitura em 1959. A atual reforma pretende deixá-lo com a cara de quando foi reaberto em 1929, após uma reforma que o transformou em cineteatro. Pesquisas foram realizadas, desde raspagem das paredes até a leitura de reportagens em jornais e revistas, na busca pelos detalhes de seus tempos de outrora.