Kilian Glasner abraça as cores na exposição Co(s)mic

Pernambucano abre a mostra nesta terça-feira (9) na Galeria Amparo 60
Márcio Bastos
Publicado em 10/05/2016 às 6:00
Pernambucano abre a mostra nesta terça-feira (9) na Galeria Amparo 60 Foto: Guga Matos/JC Imagem


Kilian Glasner foi invadido pela cor. Quase que de mansinho, sem que o artista plástico percebesse, o contraste do preto e branco característicos de suas telas até então foi sendo penetrado por uma profusão de pigmentações, tonalidades fortes que inseriam uma ideia de luminosidade às suas obras. Esse processo de transformação, que aponta os novos caminhos da arte do recifense, podem ser vistas na exposição Co(s)mic que ele abre nesta terça-feira (10), às 19h, na Galeria Amparo 60.

Após onze anos vivendo na Europa, Kilian Glasner em seu trabalho um processo de pesquisa que dialogava com a atmosfera do continente, em especial o clima invernal e sua tonalidade escura, com um quê de melancolia. Seu processo de pesquisa, portanto, além de promover um cruzamento de linguagens, em especial entre a pintura e a fotografia, era marcado pelo uso praticamente exclusivo do preto e do branco.

De volta ao Brasil, o artista plástico não percebeu a princípio, mas começou a redescobrir a potência da luminosidade de sua terra e as cores da natureza local. Essa reaproximação com a terra mater forneceu a inspiração que há algum tempo ele já buscava para expressar o novo momento artístico e pessoal pelo qual passava.

"O contato com a natureza daqui me abriu muito a percepção para esse universo cromático que estava ausente na minha obra. É um processo que veio de forma gradativa, mas que me dominou. Não consigo imaginar meus próximos trabalhos sem o uso de variadas cores", explica o artista.

Há dois anos sem expor no Recife, Kilian acredita que a nova exposição vai surpreender quem conhece sua obra. “A cor chegou em um momento em que eu precisava oxigenar minha imaginação. E parte desse processo foi a vontade de fazer as pessoas se aproximarem de mim, entenderem o que quero fazer. Quero comunicar, comover e o trabalho com cores é fundamental nesse processo”, acredita.

A exposição, que reúne 12 desenhos e um objeto em néon, além da diversidade na coloração, é marcada também por influências antes adormecidas na obra do pernambucano. Se a estética e o pensamento europeu influenciaram seus trabalhos por anos, desta vez é na cultura pop norte-americana que ele foi buscar inspiração.

“Essa exposição é um ótimo retrato do momento de transição pelo qual Kilian passa. Percebi na obra dele uma estética muito influenciada pela pop art, em especial o trabalho de Lichtenstein. É como se antes ele estivesse sempre interessado na estrada – tema recorrente na sua arte – e agora tivesse parado no acostamento e observado o que está ao redor”, pontua o curador Eder Chiodetto.

O título da exposição surgiu da percepção da presença de traços que dialogam com a linguagem dos quadrinhos (comics, em inglês) e de uma temática que fascina o artista, a cosmogonia, conjunto de teorias sobre a origem do sistema solar. Dentro desse contexto, o uso do néon, ainda que intuitivamente, se mostrou preciso.

“A explosão de algumas estrelas e o nascimento de outras leva à libertação de grandes quantidades de néon , fazendo ele se espalhar pelas nebulosas (nuvens moleculares de hidrogênio, poeira, plasma e outros gases)”, enfatiza o curador.

Desta forma, é possível pensar que, de alguma forma, Co(s)mic funciona como uma espécie de explosão criadora para Glasner (não por acaso, uma das obras contém tem escrito ‘bang’). A partir dos novos ares liberados da desconstrução – e reconstrução – de seus processos artísticos, ele se prepara para uma nova fase na carreira. Uma, que, sem dúvidas, será marcada por muita cor.


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