Uma das festividades máximas da França, o 14 de Julho, que marca a Queda da Bastilha e a Revolução Francesa, tem também atividade comemorativa no Recife. Para promover a aproximação cultural entre o Brasil e seu país de origem, o Consulado Geral da França promove uma intervenção artística no emblemático Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, na Rua da Aurora.
Aurore é o nome do projeto: até o próximo dia 25 de julho, obras das fotógrafas Claire Jean e Carolina Arantes podem ser vistas em interação com as exposições atualmente em cartaz no museu, assinadas, em andares diferentes, pelos artistas pernambucanos Wilton de Souza e Daniel Santiago. “No espírito da diplomacia econômica, a incentivar o Nordeste do Brasil, o evento ambiciona promover o investimento francês junto a atores principais da relação bilateral, dentre os quais as autoridades políticas, universitárias e culturais”, diz Margot Gallot, relações públicas do Consulado Geral da França no Recife para o Nordeste.
No térreo do Mamam, onde está a instalação Um Sonho Para Ezra Pound, de Daniel Santiago, um dos cantos da parede traz cerca de duas dezenas de fotos assinadas por Claire Jean.
Francesa radicada no Brasil há 36 anos, Claire diz que entrou na fotografia vendo nela um mecanismo de cura. “Uma cura para o corpo, uma cura para a alma, uma cura para o planeta, catando com seu olhar o vento, a água, o fogo, o sofrimento, mas também a esperança e o levante”.
Com direção apurada de cenas e construção de personagens, as fotos trazem imagens em que elementos como nudez, natureza e humanidade são articuladas para a construção de pequenas peças mitológicas de lirismo e sensualidade latente.
Já as fotos de Carolina Arantes fazem parte do projeto First Generation. Morando em Paris há nove anos, ela vem desenvolvendo o projeto documental sobre a primeira geração de mulheres afro-francesas. Na história da imigração africana na França, as reunificações familiares começaram entre 1975 e 1980, fazendo com que os jovens descendentes africanos que nasceram no país formem a primeira geração genuinamente afro-francesa. Suas fotografias ensaiam revelar esta identidade hibridamente histórica, numa tentativa de entender como elas lidam com referências fragmentadas de origens múltiplas.
No restante do museu, o publico pode conferir ainda as exposições de Santiago e Wilton de Souza. Na exposição Um Sonho Para Ezra Pound, a concepção do poeta americano em relação ao real é transformada em uma instalação que, para o pernambucano, deve ser vivida como um happening. A obra é composta por 20 camas de solteiro dispostas no térreo do museu. Os leitos são cobertos por lençóis, fronhas e máscaras de olhos confeccionados pelo artista visual Carlito Person, utilizando técnica de estamparia artesanal com carimbos.
No ambiente, os visitantes são convidados a deitarem-se e entrar no mundo real dos sonhos.
Já na mostra Bela Aurora do Recife, pode-se conferir a amplitude da obra e da trajetória de Wilton de Souza como gestor de arte, pintor e artista gráfico, sendo um dos expoentes da Sociedade de Arte Moderna do Recife que ajudou a fundar.