Conhecida ao mesmo tempo como Judy, a cantora loura, e Madeleine, a loura inacessível, aos 80 anos, Kim Novak continua sendo a inesquecível atriz de "Um corpo que cai", de Alfred Hitchcock.
Convidada de honra do 66º Festival de Cannes, a atriz americana passará no sábado pelo tapete vermelho para a exibição da cópia restaurada desse grande clássico que o mestre do suspense classificava de "história de amor com clima estranho".
Em 1958, esse duplo papel levou Kim Novak, então com 25 anos, ao auge de sua carreira. Destinado inicialmente a Vera Miles, "esse papel era para mim porque minha insegurança fundamental deu a profundidade à personagem", disse ela. "O cenário me reenviou ao que eu vivia na época: a história de uma mulher que é forçada a ser alguém que ela não é".
Nascida no dia 13 de fevereiro de 1933 em Chicago (Illinois) filha de pais de origem tcheca, aquela que sempre sonhava com uma carreira artística começou a ganhar sua vida como modelo, vendedora e assistente de consultório dentário antes de ir viver em Los Angeles.
Com silhueta escultural, beleza fria e voz grave, a jovem de 1,68 m logo foi notada por um agente da Columbia, que procurava uma atriz para rivalizar com Marilyn Monroe. Por ironia do destino, Kim se chamava na época Marilyn, seu nome de nascimento. Aos 21 anos, pediram que ela mudasse o nome para Kit Marlowe. Ela não aceitou e escolheu o nome Kim.
A atriz se destacou por sua interpretação em "L'homme au bras d'or" (1955), de Otto Preminger, pela qual ganhou o Globo de Ouro de revelação feminina.
Mas a vida de Kim teve uma reviravolta quando ela sofreu dois acidentes de carro e perdeu sua casa em Bel Air, tudo no ano de 1966. Kim deixou Hollywood e foi viver em Carmel para se dedicar principalmente à pintura. Hoje ela vive na costa do pacífico com seu segundo marido, Robert Malloy, um veterinário que ela conheceu em 1974.
Kim Novak fez aparições esporádicas no cinema até 1991, como em "Le miroir se brisa" (1980) ao lado de Elizabeth Taylor.