Talvez você nunca tenha visto um filme da cineasta francesa, nascida na Bélgica, Agnès Varda. Ou sequer tenha ouvido falar dela. Afinal, raras vezes a sua obra, composta por cerca de 50 títulos, entre curtas e longas-metragens, teve espaço no circuito exibidor brasileiro. Porém, se você tiver a curiosidade de assistir As praias de Agnès (Les plages d´Agnès), o documentário que ela realizou em 2008 ao completar 80 anos, vai sair do cinema em estado de graça pela felicidade de haver conhecido uma das sensibilidades mais aguçadas da história do cinema. O filme entra em cartaz a partir desta sexta-feira (13/04) hoje no Cinema da Fundação. Com seu jeitinho roliço e pequeno de duende, Agnès Varda explicita a ideia central do documentário logo no primeiro primeiro minuto: "Se abríssemos as pessoas, encontraríamos paisagens. Mas se me abrissem, encontrariam praias". A partir dessa ideia tão singela, acompanhamos com viva curiosidade o itinerário criativo e amoroso da cineasta pelas praias que marcaram a vida dela. Mas, entendemos rapidamente, Agnès Varda quer falar mesmo é das pessoas que ela conheceu desde a mais tenra idade. Como ela mesma diz, são os outros que lhe interessam. No vaivém das visitas às praias e dos encontros com os amigos, a cineasta conta sua vida minuciosamente. O que mais surpreende o espectador, sem dúvida, é a mente inquieta e criativa de Agnès. Antes de se tornar cineasta, ela estudou fotografia. Se quisesse, teria se destacado nesta arte também. Ou até mesmo nas artes plásticas, com suas interessantes instalações, como uma que faz sobre batatas. Felizmente, ela optou pelo cinema. Aos 20 anos, havia visto pouco mais de cinco filmes. "Eu não era cinéfila. Mas usei a imaginação ao me aproximar do cinema", conta.
Leia a crítica completa na edição desta sexta-feira (13/04) no Caderno C, do Jornal do Commercio.