Para conquistar o espectador e faturar o máximo de grana, o cinema americano inventa fórmulas. Nos últimos tempos, o alvo principal são os adolescentes, que curtem filmes de super-heróis e qualquer pirotecnia audiovisual. Mas, para não ficar batendo numa tecla só, as fórmulas precisam sofrer variações. A mais nova onda – que pega uma carona na literatura – traz adolescentes em situações-limite.
Pouco mais de dois meses depois da estreia de A culpa é das estrelas, adaptado do best-seller de John Green, um novo romance teen interrompido pelo destino chega aos cinemas. Assim preparem seus lenços novamente para assistir ao longa-metragem Se eu ficar (If I stay, EUA, 2014), que estreia nesta quinta-feira (5/9) nos cinemas em lançamento nacional.
Apesar dos meninas e meninas já conhecerem a história escrita por Gayle Forman – o romance está na lista dos mais vendidos –, vê-la na tela grande com atores bonitinhos sempre aumenta o nível de emoção experimentado durante a leitura. Na verdade, esse tipo de enredo vem sendo reciclado desde Love story (1971), de Arthur Hiller, em que a leucemia impedia o amor de dois jovens universitários.
Em Se eu ficar, que marca a estreia do documentarista R.J. Cutler no cinema de ficção, a trama acompanha o primeiro amor e as dúvidas da talentosa violoncelista Mia (Chloë Grace Moretz, a Hit-Girl de Kick-Ass). Apaixonada pelo roqueiro Adam (Jamie Blackley), ela vive dividida entre ficar em Seattle, onde mora, ou ir para Nova Iorque para tentar o curso de música na prestigiada Escola Juilliard.
Essa decisão fica em suspenso quando um acidente de carro, quando viajava com os pais e um irmão menor, deixa-a em coma. Apesar de não haver nenhum indício de sobrenatural no andamento do filme, a personagem permanece em cena assistindo ao socorro dos parentes, sua própria agonia e a dos que a acercam, principalmente o namorado, uma amiga (Liana Liberato) e o avô (o veterano Stacy Keach).
Bem embalado visualmente e com uma trilha sonora de soft rock, Se eu ficar falha tanto como romance quanto como melodrama sobrenatural. No fim, resta a sensação de que ele seria melhor se seguisse as pegadas de Ghost: do outro lado vida (1990).