Oscar 2016: O Filho de Saul e a claustrofobia do Holocausto

Longa é forte candidato à estatueta de Melhor Filme Estrangeiro
Mari Frazão
Publicado em 27/02/2016 às 18:10
Longa é forte candidato à estatueta de Melhor Filme Estrangeiro Foto: Divulgação


O Holocausto nazista, uma das memórias mais amargas da história da humanidade, já foi tema de incontáveis produções da Sétima Arte – fato que pode ser atribuído não apenas à infinidade de tramas individuais dignas de registro, mas também à necessidade de recordar este passado ainda recente e impedir a repetição de tamanha tragédia. Devido à forte ascendência judaica dentro da indústria cinematográfica norte-americana, o tema sensibiliza boa parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood: A Lista de Schindler deu a Steven Spielberg sete estatuetas, incluindo o de Melhor Filme; e A Vida é Bela rendeu três prêmios para o ator, diretor e roteirista italiano Roberto Benigni.

Forte candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, o drama húngaro O Filho de Saul não chegou ao Recife através do circuito comercial. O longa do diretor estreante László Nemes chegou aos telões com um currículo robusto: foi vencedor do Grande Prêmio do Júri e o da crítica no Festival de Cannes, além do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 2016.

Ao longo dos 107 minutos da trama, o espectador é encarcerado no campo de extermínio de Auschwitz, no ano de 1944, junto ao judeu húngaro Saul Asländer (Géza Röhrig). Escolhido pelos alemães para ser um Sonderkommando – prisioneiro obrigado a retirar os corpos da câmara de gás e cremá-los – Saul encontra, entre milhares de mortos, o corpo de seu próprio filho. Enquanto seus companheiros preparam uma rebelião, ele inicia uma persistente jornada para dar ao jovem um enterro digno diante do cenário calamitoso.

A fotografia, assinada por Mátyás Erdély, é um dos elementos que faz de O Filho de Saul um filme singular: filmada com lentes de 40 mm, a proposta estética da película é claustrofóbica – sensação que é agravada pelo formato de tela reduzido. Em nenhum momento a carnificina está exposta, mas isso não minimiza o horror: as feições de Röhrig espelham tudo que está desfocado.

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O Filho de Saul Holocausto crítica de cinema Oscar 2016
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