A abertura da 20ª edição do Cine PE: Festival do Audiovisual, na noite desta segunda-feira (2/5) manteve a tradição de gala do Cinema São Luiz. Mesmo com a programação mais enxuta e sem filme estrangeiro em avant-première, como nos dois últimos anos, a sala ficou lotada. Logo no início da noite, uma longa fila de cinéfilos e de nomes ligados à produção cinematográfica pernambucana se formou na Rua da Aurora. Um dos melhores momentos da noite foi a cativante homenagem ao veterano ator Jonas Bloch. Ele recebeu um Calunga especial e um beijo carinhoso da filha, a também atriz Débora Bloch, que por acaso está no Recife, participando das filmagens de Justiça, novela das 23h da Rede Globo.
Com 55 anos de carreira e participação em mais de 40 filmes, Jonas agradeceu à organização do Cine PE e aos cineastas pernambucanos pelo convite para atuar em alguns filmes, além de ter elogiado a qualidade das produções locais. "Foi a paixão que me levou a ser ator, mesmo em situações adversas. A emoção é a minha praia", disse o ator. "A liberdade foi sempre o que ele me ensinou", discursou Débora, cuja presença no São Luiz surpreendeu o pai.
O festival foi aberto com a exibição de dois curtas pernambucanos, que conquistaram a plateia. Não É So Mandacaru, de Tauana Uchôa, e Paulo Bruscky, de Walter Carvalho, foram bastante aplaudidos. O primeiro graças ao apelo da poesia sertaneja da tradição de Lourival Batista (Louro do Pajeú) perpetuada pelas novas gerações do Cariri e do Pajeú. A participação de Lira cantando com um grupo de jovens músicos de São José do Egito é um dos pontos altos do curta. Já Paulo Bruscky fazia o público rir cada vez que o artista respondia a uma pergunta de Walter Carvalho. No filme, ele repassa a sua trajetória artística desde os primórdios do grupo Fluxo e da Arte Correio até os dias de hoje. "Eu faço coisas que eu mesmo não entendo, quanto mais os outros", disse Bruscky, arrancando risos da plateia.
O longa-metragem Por Trás do Céu, de Caio Sóh, exibido no final da noite, comoveu e divertiu com a história do casal de sertanejos que vive em cima de um lajedo, por causa de um problema com o patrão, que atacou sexualmente a sonhadora Aparecida (Nathalia Dill). Embora trágica, a história ganha contornos cômicos com as bincadeiras e o palavreado de Micuim (o pernambucano Renato Góes), que rouba a maioria das cenas em que participa. Pela primeira vez, a acessibilidade para deficientes auditivos marcou presença no Cine PE: as apresentações no palco estão sendo traduzidas em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e os filmes são exibidos com legendas.
Mais informações sobre o Cine PE na edição desta terça-feira (3/5) no JC+, do Jornal do Commercio.