CINEMA

Kleber Mendonça contesta comportamento de jornalista da comissão do Oscar

Marcos Petrucelli, que ainda não viu Aquarius, ataca o cineasta pernambucano nas redes sociais

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 13/08/2016 às 10:07
Victor Jucá/Divulgação
Marcos Petrucelli, que ainda não viu Aquarius, ataca o cineasta pernambucano nas redes sociais - FOTO: Victor Jucá/Divulgação
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Pela segunda vez desde sua exibição no Festival de Cannes, em maio passado, quando concorreu à Palma de Ouro, que o longa-metragem Aquarius - e especialmente seu diretor, o pernambucano Kleber Mendonça Filho -, recebem ataques de pessoas ligadas ao Ministério da Cultura. O filme protagonizado por Sonia Braga, com estreia marcada para chegar aos cinemas brasileiro no dia primeiro de setembro, se transformou num incômodo para o crítico de cinema paulista Marcos Petrucelli, que faz comentários de filmes na rádio CBN de São Paulo. Por causa do protesto em Cannes, quando Kleber e equipe mostraram cartazes para denunciar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Culutura, Marcelo Calero, afirmou que a ação era ruim para a imagem do Brasil no exterior.

Nos dois últimos dias, o crítico aumentou o número de posts no Facebook contra Aquarius e Kleber. O problema é que ele foi indicado à comissão que vai selecionar o filme brasileiro da temporada como representante brasileiro para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017, pela Secretaria do Audiovisual, órgão do Ministério da Cultura, e atualmente comandada pelo pernambucano Alfredo Bertini.

Além de citar Kleber com alusões - "aquele diretor" - e dizer que ele está com medo de concorrer em Gramado, onde o filme vai abrir o festival, no próximo dia 26 de agosto, Petrucelli disse que os membros da equipe de Aquarius viajaram a Cannes para tirar férias às custas do governo federal. Desde a quarta-feira (10/8) que Kleber tenta neutralizar as opiniões de Petrucelli, que trocou opiniões com o jornalista Guilherme Genestreti, da coluna Sem Legendas, do jornal F. São Paulo. Kléber, por sua vez, concedeu uma longa e elucidativa entrevista ao site The Intercept Brasil (www.theintercept.com) do jornalista americano Glenn Greenwald, na qual respondeu a todas as questões envolvendo a onda reacionária que se seguiu ao protesto que o cineasta e a equipe do filme fizeram em Cannes, além dos ataques de Petrucelli.

Durante entrevista à reportagem do Jornal do Commercio, Kleber disse que não vai ficar especulando as decisões do Ministério da Cultura, mas questionar o que foi publicado por Petrucelli. "Eu não tenho como questionar nenhum dos nomes que estão na comissão, porque são nomes de pessoas que trabalham com a cultura. Se eles são de esquerda ou direita isso, francamente, é fora da minha jurisdição. A única coisa que sei é que Petrucelli vem se expondo de uma maneira totalmente estúpida e agora ele foi selecionado para uma comissão que vai escolher o filme brasileiro para o Oscar, na qual Aquarius vai estar incluído porque faz parte da safra atual. Aquarius está tendo uma carga de ataques políticos, com as pessoas associando o filme aos murmúrios de um boicote. Eu acho que isso está errado", criticou o cineasta.

Durante parte da tarde e noite de ontem, a reportagem do JC ligou várias vezes para o celular do secretário Alfredo Bertini, mas as ligações não foram atendidas.

Kleber também falou sobre a sua permanência como coordenador de Cinema da Fundação, que tem gestores do governo do presidente interino Michel Temer. "A minha relação com Luiz Otávio Cavalcanti, novo presidente da Fundação Joaquim Nabuco, e com Valéria Costa e Silva, a nova diretora de Cultura, é a melhor possível. Eles respeitam este momento, querem que eu divulgue o filme, que eu esteja com ele e acham que é um orgulho para o Brasil e Pernambuco alguém como eu ter um filme acontecendo internacionalmente. Não há nenhuma tensão interna na Fundação. E, se tivesse, eu já teria saído, obviamente. A compreensão que eu tenho é que o presidente da Fundaj tem o apoio do ministro da Educação. Eles respeitam o trabalho que vem sendo feito lá e essa é a história que eu posso contar. Isso é absolutamente verdadeiro. Eu tive uma conversa séria e direta com ele sobre isso", afirmou o cineasta de O Som ao Redor.

No próximo sábado, Kleber e a produtora Emilie Lesclaux, com quem é casado, vão promover, no Cinema São Luiz, a primeira exibição pública de Aquarius no Brasil, que contará com a presença de Sonia Braga, Irandhir Santos e Maeve Jinkings, entre outros atores.

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