Festival Janela Internacional de Cinema do Recife chega à 10ª edição

Durante 10 dias, 120 filmes de 50 países vão ser exibidos a partir desta sexta-feira (3/11) no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação/Museu
Ernesto Barros
Publicado em 01/11/2017 às 6:03
Durante 10 dias, 120 filmes de 50 países vão ser exibidos a partir desta sexta-feira (3/11) no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação/Museu Foto: Vitrine Filme/Divulgação


Na última semana, teve suspense hitchcockiano, cinéfilos roendo as unhas e esperneando de ansiedade. “Cadê a programação do Janela?”, perguntavam no Facebook. Então, nesta terça-feira (31/10), a paz reinou nos corações aflitos com a divulgação da programação do 10º Janela Internacional de Cinema do Recife, que este ano vem acompanhado do mantra “10 anos, 120 filmes, 50 países”. Os anos passam e a espera pela programação – mesmo com a divulgação antecipada dos clássicos e da Mostra Competitiva de Curtas-Metragens – do festival não deixa de causar surpresas e um certo pânico. Afinal, como vamos assistir a tantos filmes?

O cineasta Kleber Mendonça Filho, que desde 2008 realiza o festival com a produtora Emilie Lesclaux, é ambivalente em relação à realização do Janela. Os filmes chegam de toda parte, mas a quantidade de salas alternativas no Recife não cresce. “O fluxo de filmes para a grade é o mais fácil. A grande dificuldade é que o Janela não encontra reflexo no número de salas de exibição. As duas salas que temos são excelentes, só que não temos seis ou sete para fazer mais sessões dos filmes. A grade fica pequena. É uma equação dolorosa fechar a programação, dizer não para muitos outros filmes”, lamenta o cineasta, que também responde pela programação das salas dos Instituto Moreira Salles – IMS, no Rio e em São Paulo.

O Cinema São Luiz, no centro do Recife, e o Cinema da Fundação/Museu, em Casa Forte, são as duas salas parceiras do Janela. Algumas sessões também vão acontecer no Porto Mídia, no Bairro do Recife. Desta sexta até o dia 12, o Recife vai viver uma clima febril de inventividade e excelência cinematográfica sem precedentes. Por ser a 10º edição, a organização do evento se superou, principalmente com a grande presença de cineastas que virão acompanhar seus filmes e debater com o público. Para a abertura, o filme escolhido foi o drama histórico argentino Zama, de Lucrécia Martel. Prometida para vir ao Recife desde o ano passado, finalmente a cineasta de O Pântano virá ao festival e ministrar uma masterclass no Cinema da Fundação/Museu, no sábado, a partir das 11h.

Com presença garantida até domingo no Recife, Lucrécia ainda terá seus três primeiros longas-metragens exibidos no festival: o influente O Pântano, o desmistificador A Menina Santa e o desafiador A Mulher Sem Cabeça vão ganhar sessões em versões restauradas em DCP e em 35mm. Outro cineasta querido de Kleber é o francês Laurent Cantet, de quem ele exibiu três filmes – Recursos Humanos, A Agenda e Entre os Muros da Escola, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2008 – no período em que foi curador do Cinema da Fundação. Cantet vem ao Recife apresentar o longa-metragem A Trama e, neste domingo, dá uma aula no Cinema da Fundação/Museu, a partir das 11h.

Nos últimos três anos, desde as filmagens e o lançamento de Aquarius até agora, quando precisou fazer uma mudança de residência – saiu de Setúbal, o bairro tão presente em seu cinema –, Kleber contou com a presença e a colaboração do jornalista e crítico de cinema pernambucano Luís Fernando Moura. “Ele está trazendo seu ponto de visto para a curadoria de uma maneira fantástica, participando de festivais como a Berlinale, entre outros”, aponta Kleber. Um dos destaques que tem a mão de Luís é a mostra L.A. Rebellion, que traz uma seleção de filmes realizados por cineastas negros americanos nos anos 1970 e 1980 e que foram redescobertos recentemente, inclusive nos Estados Unidos, a partir de estudos e restaurações na UCLA (Universidade da Califórnia - Los Angeles). “Este lote de filmes mostra como esses cineastas esboçaram uma reação naqueles tempos e que refletem, inclusive, no cinema que está sendo feito e discutido hoje”, comenta.

O trabalho conjunto de Kleber e Luís pode ser visto também na seleção da Mostra Competitiva de Longas-metragens, com uma seleção de onze filmes, sendo cinco em première brasileira, entre eles o georgiano Que o Verão Nunca Mais Volte, de Alexandre Koberidze, vencedor d o Grande Prêmio do Festival de Marselha 2017. Entre os brasileiros da competição, uma trinca que vem balançando festivais nacionais e estrangeiros: As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra; Baronesa, de Juliana Antunes; e Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós. O português A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho, e o francês Jovem Mulher, de Léonor Serraille, premiados no Festival de Cannes deste ano, também estão no páreo.

Como marcas registradas, a seleção de clássicos e as sessões especiais prometem levar multidões ao Cinema São Luiz e ao Cinema da Fundação Museu. Sob o tema Heroínas, a mostra de clássicos traz uma série de filmes em que as mulheres se revelam de várias formas, como a tenente Ripley (Sigourney Weaver), de Aliens, o Resgate, de James Cameron, que enfrenta os alienígenas em nome de uma ideia de maternidade. Inéditos ou exibidos pela última vez em suas estreias, vão ser projetados filmes imperdíveis como As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Rainer Werner Fassbinder; Garota Negra, de Ousmane Sembène; Suspiria, de Dario Argento; e Victor ou Victoria?, de Blake Edwards, entre outros. Fora do tema, dois clássicos prometem entupir as duas salas: a ficção científica Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielberg, e o filme de guerra Vá e Veja, de Elem Klimov.

Entre as sessões especiais, não se deve perder Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa, e o piloto da série de TV Fãtásticos: Mancupium, de André Pinto e Henrique Spencer. Outros filmes de gênero também chegam para marcar o festival desse ano, como paraibano Nó do Diabo, de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi; e a estreia no longa da baiana Gabriela Amaral Almeida em O Animal Cordial, que tem o pernambucano Irandhir Santos no elenco. Sobreviva, se for capaz!

PROGRAMAÇÃO DIA A DIA

PROGRAMAÇÃO | 3 A 12 DE NOVEMBRO DE 2017 | janeladecinema.com.br

SEXTA (3)

Cinema São Luiz
16h | L.A. REBELLION: Filhas do pó, de Julie Dash – 123 min
18h15 | ESPECIAL: Me chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino – 132 min
21h | FILME DE ABERTURA: Zama, de Lucrecia Martel – 115 min
23h45 | CLÁSSICOS: Pink Flamingos, de John Waters – 93 min

Cinema do Museu
16h | ABERTURA CLÁSSICOS: Victor Victoria, de Blake Edwards – 133 min
18h30 | CLÁSSICOS: Suspiria, de Dario Argento – 100 min

SÁBADO (4)

Cinema São Luiz
11h | L.A. REBELLION: O matador de Ovelhas, de Charles Burnett – 83 min
13h45 | CLÁSSICOS: Garota Negra, de Ousmane Sembène – 65 min
15h10 | ESPECIAL: A trama, de Laurent Cantet – 114 min + debate
17h50 | L.A. REBELLION: Bush Mama, de Haile Gerima – 97 min
20h | ESPECIAL: Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa – 130 min + debate
23h | CLÁSSICOS: Aliens, o resgate, de James Cameron – 137 min

Cinema do Museu
11h | UM ENCONTRO COM LUCRECIA MARTEL – 120 min
13h50 | CINELATINO: Pequenas Historias da América Latina – 54 min
15h | CLÁSSICOS: Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, de Chantal Akerman – 201 min + Surpresa
18h40 | LUCRECIA MARTEL: O pântano – 103 min + apresentação
20h45 | ESPECIAL: Modo de produção, de Dea Ferraz, 75 min + debate

DOMINGO (5)

Cinema São Luiz
11h | CLÁSSICOS: Tudo que o céu permite, de Douglas Sirk – 89 min
14h30 |L.A. REBELLION: Curtas 1: Corra! – 75 min
16h10 | CLÁSSICOS ESPECIAL: Contatos imediatos de terceiro grau, de Steven Spielberg, 135’
18h50 | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 1: Em caso de fim do mundo – 84 min + debate
21h | COMPETITIVA LONGAS: As boas maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra – 121 min

Cinema do Museu
11h | UM ENCONTRO COM LAURENT CANTET – 120 min
14h30 | CLÁSSICOS: Uma canta, a outra não, de Agnès Varda – 120 min
16h45 | COMPETITIVA LONGAS: Baronesa, de Juliana Antunes – 73 min
18h15 | ESPECIAL: Camocim, de Quentin Delaroche – 76 min + debate
20h15 | CLÁSSICOS: As lágrimas amargas de Petra Von Kant, de Rainer Werner Fassbinder – 124 min

SEGUNDA (6)

Cinema São Luiz
13h30 | COMPETITIVA LONGAS: Verão 1993, de Carla Simón – 97 min
15h30 | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 2: Tomar os Tronos – 82 min + debate
17h40 | ESPECIAL: Série Fãtásticos (work in progress) / Piloto: Mancupium, de André Pinto e Henrique Spencer – 48 min
19h | ESPECIAL: Açúcar, de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira – 100 min + debate
21h30 | ESPECIAL: O nó do diabo, de Ramon Porto Mota, Ian Abé, Gabriel Martins e Jhésus Tribuzi – 124 min

Cinema do Museu
14h | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 1: Em caso de fim de mundo – 84 min
15h40 | Reprise COMPETITIVA LONGAS: As boas maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra – 135 min
18h10 | L.A. REBELLION: Dando um rolê, de Larry Clark – 105 min
20h10 | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL: Tudo como devia estar, 83′

TERÇA (7)

Cinema São Luiz
13h50 | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 2: O Diabo, provavelmente – 76 min
15h30 | LUCRECIA MARTEL: A Menina Santa – 106 min
17h40 | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 3: Se essa rua fosse minha – 78 min + debate
19h45 | COMPETITIVA LONGAS: Que o verão nunca mais volte, de Alexandre Koberidze – 202 min + debate

Cinema do Museu
14h40 | Reprise COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 2: Tomar os Tronos – 82 min
15h50 | L.A. REBELLION: Curtas 2: Nesse meio tempo – 81 min
18h15 | ESPECIAL: Organismo, 96′ + debate
20h30 | TOCA O TERROR: Curtas Brasileiros – 82 min

QUARTA (8)

Cinema São Luiz
13h50 | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 3: Arregace as mangas – 79 min
15h40 | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 4: Nada será como antes – 80 min + debate
17h45 | L.A. REBELLION: O Cavalo, de Charles Burnett, 14 min + Assim na Terra como no Céu, de Larry Clark, 52 min + debate
19h15| ESPECIAL: Em Nome da América, de Fernando Weller – 96 min + debate
21h40| ESPECIAL: Vacancy, de Matthias Müller – 16 min + COMPETITIVA LONGAS: Era uma vez Brasilia, Adirley Queirós – 140 min + debate

Cinema do Museu
14h20 | Reprise COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 3: Se essa rua fosse minha – 78 min
16h | COMPETITIVA LONGAS: O gênero, de Klim Kozinsky – 61 min
17h15 | COMPETITIVA LONGAS: O Peixe, de Martin Verdet – 82 min
18h50| reprise COMPETITIVA LONGAS: Verão 1993, de Carla Simón – 97 min
20h45 | Reprise CLÁSSICOS: Tudo que o céu permite, de Douglas Sirk – 89 min

QUINTA (9)

Cinema São Luiz
14h | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 4: De caravela ou ovni – 79 min
16h |COMPETITIVA LONGAS: A fábrica de nada, de Pedro Pinho – 177 min
19h20| ESPECIAL: A moça do calendário, de Helena Ignez – 86 min + debate
21h40| ESPECIAL: Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida – 98 min + debate

Cinema do Museu
15h | Reprise COMPETITIVA LONGAS: Era uma vez Brasilia, de Adirley Queirós – 100 min
17h | Reprise COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 4: Nada será como antes – 80 min
18h40| Reprise L.A. REBELLION: Filhas do Pó, de Julie Dash – 105 min
20h40| COMPETITIVA LONGAS: A noite, de Edgardo Castro – 135 min

PortoMídia
18h30 | reprise: CURTAS Internacional 4: ARREGACE AS MANGAS, 79′
20h10 | reprise: CURTAS Internacional 4: DE CARAVELA OU OVNI, 86′

SEXTA (10)

Cinema São Luiz
13h40 | reprise CLÁSSICOS: Uma canta, a outra não, de Agnès Varda – 120 min
16h | reprise COMPETITIVA LONGAS: O peixe, de Martin Verdet – 82 min + debate
18h10 | reprise CLÁSSICOS: Victor Victoria, de Blake Edwards – 133 min
20h50 | ESPECIAL Leona Assassina Vingativa – 11min + COMPETITIVA LONGAS: Jovem Mulher, de Léonor Seraille – 97 min
23h15 | reprise CLÁSSICOS: O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante, de Peter Greenaway – 124 min

Cinema do Museu
15h | CINELATINO: Occitanie – 96 min
17h | reprise COMPETITIVA LONGAS: O gênero, de Klim Kozinsky – 61 min + Curta Armageddon 2 – 5 min
18h30 | LUCRECIA MARTEL: A mulher sem cabeça – 87 min
20h20 | L.A. REBELLION: Cinzas e brasas, de Haile Gerima – 129 min

PortoMídia
11h | reprise: CURTAS Internacional 1: TUDO COMO DEVIA ESTAR, 83′
12h30 | reprise: CURTAS Internacional 2: O DIABO, PROVAVELMENTE, 76′

SÁBADO (11)

Cinema São Luiz
10h | Tour pelo cinema São Luiz
11h | ESPECIAL: 66 cinemas, de Philipp Hartmann – 98 min + debate
14h20 | reprise L.A. REBELLION: O matador de ovelhas, de Charles Burnett – 83 min
16h10 | CACHAÇA CINEMA CLUBE: Etéia, a extraterrestre em sua aventura no Rio – 93 min
18h15 | ESPECIAL: Invisível, de Pablo Giorgelli – 87 min + debate
20h30 | ESPECIAL: Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans – 97 min + debate
23h | Reprise CLÁSSICOS: Suspiria, de Dario Argento + curta Figuras impossíveis e outras histórias 2 – 100 min

Cinema do Museu
14h | ESPECIAL: Pela Janela, de Caroline Leone – 96 min
15h15 | ESPECIAL: 120 batimentos por minuto – 144 min
18h30 | ESPECIAL: Prelúdio da Fúria, de Gilvan Barreto – 60 min + debate “Caça e censura às artes”
20h30 | reprise COMPETITIVA LONGAS: Jovem Mulher, de Leonor Seraille – 97 min

DOMINGO (12)

Cinema São Luiz
11h | ESPECIAL: Cinema, Aspirinas e Urubús, de Marcelo Gomes – 99 min + apresentação
15h | reprise COMPETITIVA LONGAS: Baronesa, de Juliana Antunes – 73 min
15h45 | CLÁSSICOS ESPECIAL: Vá e Veja, de Elem Klimov Peter Brook – 137 min
18h30 | ESPECIAL: Todos os Paulos do mundo, de Gustavo Ribeiro e Rodrigo Oliveira – 80 min + apresentação
20h30 | ENCERRAMENTO: Vendo/ouvindo 6min + CLÁSSICOS: Protéa – 50 min

Cinema do Museu
14h | L.A. REBELLION: O casamento do meu irmão, de Charles Burnett – 115 min
16h10 | ESPECIAL CURTAS BRASIL: 3 maneiras de dizer não – 67 min + debate
18h | reprise COMPETITIVA LONGAS: A noite, de Edgardo Castro – 135 min
20h30 | reprise L.A. REBELLION: Bush Mama, Haile Gerima – 97 min

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