A abertura oficial do 8º Animage – Festival Internacional de Animação de Pernambuco acontece na próxima terça, 28, no Cinema São Luiz, com a exibição do longa Torrey Pines, do diretor americano trans Clyde Petersen. Mas a ânsia dos organizadores do Animage acabou por trazer um presente especial: nesta sexta-feira (23/11) e amanhã, na Caixa Cultural Recife, às 19h, serão exibidos os longas-metragens A Ilha de Black Mór e O Quadro, ambos do mestre francês Jean-François Laguionie.
Para quem não conhece Laguionie e quer se redimir dessa falha, é quase uma obrigação assistir às duas animações. E se não fosse apenas por isso, no sábado seguinte, dia 2 de dezembro, às 17h30, a Caixa ainda recebe o magistral Louise no Inverno, a última obra-prima do cineasta, que completou 78 anos no começo de outubro.
Aluno de Paul Grimault – o animador que cativou gerações de franceses, principalmente durante a ocupação –, Jean-François Laguionie realizou curtas por mais de 15 anos. Em 1978, ele ganhou a Palma de Ouro de Curta-Metragem por La Traversee de l'Atlantique a la Rame, um filme de animação realizado com papel recortado.
Com o sucesso do filme, Laguionie criou o estúdio A Fábrica e desde 1984 dirigiu seis longas-metragens, além de ter trabalhado em inúmeras produções de TV, como animador, diretor de arte e produtor, entre outras funções.
Os três filmes apresentados no Animage foram produzidos já nos anos 2000. A Ilha de Black Mór, de 2004, é uma aventura inspirada nos clássicos da literatura de infantojuvenil de Rafael Sabatini. Um garoto, que vive num orfanato onde as crianças são tratadas como prisioneiras, sonha em se tornar o pirata Black Mór, o anti-herói das histórias contadas por um velho professor.
Sempre um pesquisador eterno da pintura clássica, Laguionie procurou inspiração em artistas como Matisse, Derain, Bonnard e Gaudi para dirigir O Quadro, realizado em 2011. Neste animação metalinguística, três personagens vivem dentro de um quadro inacabado. Sentindo-se incompletos e em desarmonia, eles saem em busca de um pintor para concluir o quadro.
Já no novíssimo Louise no Inverno, realizado no ano passado, Laguionie buscou inspiração no processo de envelhecimento da mãe. Nesta obra melancólica e crepuscular, o cineasta olha para a infância e a juventude a partir do distanciamento provocado pela idade e a “revolta contra a sensação de abandono”, como já se pronunciou sobre o filme.