Arábia Saudita tem primeira projeção de cinema aberta ao público

Dezenas de homens e mulheres entraram na sala de cinema com pipocas e bebidas nas mãos para a sessão de do filme Pantera Negra
AFP
Publicado em 20/04/2018 às 21:48
Dezenas de homens e mulheres entraram na sala de cinema com pipocas e bebidas nas mãos para a sessão de do filme Pantera Negra Foto: Foto: Fayez Nureldine / AFP


Os sauditas assistiram, nesta sexta-feira (20), pela primeira vez em 35 anos a uma sessão de cinema aberta ao público em Riade, a capital, com a projeção do filme de ação americano "Pantera Negra".

Dezenas de homens e mulheres entraram na sala de cinema com pipocas e bebidas nas mãos para esta sessão aberta ao grande público, que chega dois dias depois de uma projeção de teste nesta sala, com capacidade para 250 pessoas, no bairro financeiro Rei Abdullah de Riade.

Nos próximos meses serão abertas outras salas no reino, onde os cinemas foram fechados nos anos 1980 devido à pressão dos religiosos ultraconservadores.

Os ingressos para esta esperada projeção se esgotaram em poucos minutos após a rede de cinemas americana AMC Entertainment os colocarem à venda, à meia-noite. A AMC Entertainment é a primeira empresa autorizada a explorar cinemas na Arábia Saudita.

O reino ultraconservador pôs fim à proibição das salas de cinema no ano passado, no âmbito de uma série de reformas impulsadas pelo príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, apesar da oposição de meios religiosos conservadores.

Esta medida faz parte de um plano de modernização que busca diversificar a economia do reino, maior explorador mundial de petróleo, e desenvolver o turismo e a indústria do entretenimento.

Filmes exibidos na Arábia Saudita serão submetidos à censura

Assim como ocorre com os programas de televisão, os filmes projetados no cinema estarão submetidos à censura, que costuma considerar o sexo, a religião e a política como temas tabu.

O filme projetado nesta sexta-feira conta a história de um jovem monarca em um reino africano fictício rico em recursos, o que motivou paralelismos com o príncipe Bin Salman.

Vários sauditas se queixaram nas redes sociais do preço do ingresso, de 75 riais sauditas (16 euros; 20 dólares), considerado muito alto em momentos de austeridade.

"Bem-vindos a uma era na que os sauditas podem ver filmes não em Bahrein, Dubai ou Londres, mas no próprio reino", comentou Adam Aron, diretor-geral da AMC Entertainment.

As redes de cinemas consideram que o reino saudita é o último mercado de massa ainda sem explorar no Oriente Médio, com mais de 30 milhões de habitantes, em sua maioria menores de 25 anos.

A AMC enfrentará a concorrência de outros pesos pesados do setor, como VOX Cinemas, principal rede de cinemas do Oriente Médio, com sede em Dubai.

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