Festival de cinema italiano está de volta ao Recife

Com 10 anos de realização em Portugal, o Festival 8¹/² Festa do Cinema Italiano, que faz sua 2ª edição no Recife, a partir desta quinta-feira (2/8), no Cinema São Luiz, dá mostras de que, em breve, terá uma penetração no Brasil igual ao já estabelecido Festival Varilux de Cinema Francês. Depois de se estabelecer em Angola e Moçambique e sair das regiões Sul e Sudeste do País, a Festa do Cinema Italiano amplia mais uma vez o seu raio de alcance. A quantidade de filmes pulou de 8 para 11 longas-metragens, além de uma quantidade maior de cidades, que aumentou de 8 para 12, com as entradas de Vitória (ES), Belém (PA), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC).

Mas a mudança mais sem sentida foi a orientação da curadoria para fazer do festival uma vitrine mais de acordo com o que de melhor Itália vem apresentando em termos artísticos. Até o ano passado, era visível perceber que alguns longas-metragens não primavam por esse retrospecto, mas sim pelo sucesso de público na Itália. Nessa nova edição, os filmes “panetone” – as tradicionais comédias italianas, que passam no final do ano – não estão em primeiro plano.

“A seleção de filmes está mais arrojada e com a ambição de oferecer um panorama da produção cinematográfica italiana recente. Realmente, conseguimos trazer uma quantidade de filmes que formam um ambiente de festival, com uma boa quantidade de longas-metragens que ganharam prêmios em diversos festivais europeus, como Veneza e Cannes. Inclusive, são produções novas, com uma janela de exibição muito pequena, sendo que alguns acabaram de estrear. A Itália e o Brasil são países-irmãos e desde o Neo-realismo nossos filmes têm o mesmo DNA”, garante o diretor do festival, o italiano Tommaso Mottironi, que mora em Porto Alegre.

Durante sete dias – de quinta-feira até a quarta da semana vem (8/8), os 11 filmes vão se revezar diariamente na grade do Cinema São Luiz, em sessões a partir das 15h. O que também distingue o 8 ¹/² do Varilux é que, enquanto este serve como base de pré-lançamento de filmes no circuito brasileiro, o primeiro traz poucos que serão exibidos por aqui. Dos 11 filmes, talvez quatro ou cinco têm garantia de lançamento. Por isso alguns dificilmente terão outra chance de serem vistos na tela grande.

Entre os mais destacados, deve-se ficar de olho naqueles que tiveram passagem vitoriosa nos festivais, com a premiação de membros da equipe e reconhecimento da crítica, além daqueles de autores já destacados. Há pelos menos 5 títulos que podem entrar numa lista de imperdíveis, como Dogman e Fortunata, que ganharam prêmios no Festival de Cannes desse ano e do ano passado. Dogman, o novo filme de Matteo Garrone (conhecido no Brasil pelo sucesso de Gomorra), causou uma impressão forte no júri presidido por Cate Blanchett: o ator Marcelo Fonte, no papel de um simplório empregado de petshop, levou o Prêmio de Melhor Ator do Festival.

No ano passado, só que na Mostra Un Certain Regard, quem ganhou o Prêmio de Melhor Atriz foi a Jasmine Trinca, que interpreta uma cabeleireira a domicílio em Fortunata, o sexto longa dirigido pelo ator Sergio Castelitto (muito lembrado, aqui no Brasil, pelo personagem de O Homem das Estrelas, de Giuseppe Tornatore). Entre os filmes incensados nos festivais, a outra produção premiada é a biografia Nico, 1998, de Susanna Nicchiarelli, que levou o prêmio principal da Mostra Orizzonti, no último Festival de Veneza.

Além dos sucessos nos festivais, a curadoria da Festa do Cinema Italiano acertou em cheio em trazer os últimos filmes de Gianni Amelio e dos irmãos Paolo e Vittorio Tavianni. Amelio, autor dos inesquecíveis O Ladrão de Crianças e Lamerica – O Sonho de Chegar, está de volta com A Ternura. Uma Questão Privada, o último dos irmãos Taviani (agora sem Vittorio, que morreu em abril passado), retoma o olhar histórico da dupla sobre o passado da Itália na Segunda Guerra Mundial.

PROGRAMAÇÃO

Dogman, de Matteo Garrone (2018) Horários: sexta - 20h
Sinopse: Marcello é um homem franzino e tranquilo que trabalha em um modesto petshop na periferia de Roma. Mantém uma ambígua relação de submissão com Simone, um ex-boxeador que aterroriza o bairro inteiro. Mas após mais uma prepotência do violento amigo, Marcello planeja uma terrível vingança. Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes para Marcelo Fonte.

Emma (Il Colore Nascosto delle Cose), de Silvio Soldini (2017). Horários: quinta - 15h e segunda - 17h30 
Sinopse: Teo é um homem criativo, seguro de si, trabalha em uma grande agência de publicidade e vive rodeado de mulheres. Mas um dia conhece Emma, uma médica osteopata, que faz das suas limitações as suas melhores qualidades. Emma, que desde criança possui deficiência visual, utiliza os outros sentidos para interagir com o mundo à sua volta.

A Vida em Família (La Vita in Comune), de Eduardo Winspeare (2017) Horários: sexta - 17h30 e domingo - 20h
Sinopse. Disperata, Sul da Itália. Filippo Pisanelli se sente incompetente em seu papel de prefeito. O amor pela poesia e as leituras que faz aos detentos da região dão algum alívio a seu estado de depressão. Na prisão, ele conhece Pati, um ladrão de galinhas, que, ao lado do irmão, sonha em se tornar chefes da máfia de Capo di Leuca, mas o encontro com a literatura muda tudo e uma amizade incomum surge entre os três.

Nico, 1988, de Susanna Nicchiarelli (2017) Horários: terça - 20h30 e quarta - 17h30
Sinopse: Cinebiografia da cantora Nico, ícone feminino do Velvet Underground e musa de Andy Warhol. O filme retrata a vocalista naquela que seria a sua última turnê, enquanto tenta restabelecer a relação com o filho e lidar com a sua dependência química e depressão. Vencedor da Mostra Orizzonti no Festival de Veneza 2017.

Uma Questão Pessoal (Una Questione Privata), de Paolo e Vittorio Taviani (2017) Horários: segunda - 20h e quarta - 20h
Sinopse: 1943, durante a guerra de libertação nas Langhe, as colinas do sul do Piemonte, o militar Milton encontra-se dividido entre a luta contra os nazi-fascistas, a amizade com os companheiros do exército e o seu amor clandestino por Fulvia.

Aqui em Casa Tudo Bem (A Casa Tutti Bene), de Gabrielle Muccino (2018) Horários: quinta - 17h30 e sábado - 17h30
Sinopse: São as bodas de ouro de Pietro e Alba, ocasião única para festejar convidando a família inteira para a maravilhosa Ilha de Ischia, em Nápoles. Música, comida e sorrisos acompanham este encontro, mas quando uma tempestade bloqueia o numeroso grupo na ilha, obrigando-os a compartilhar a casa, os rancores e as hipocrisias escondidas durante muitos anos emergem de forma imprevista.

A Garota na Névoa (La Ragazza nela Nebbia), de Donato Carrisi (2017) Horários: sábado - 20h e segunda - 15h
Sinopse: Uma adolescente desaparece em uma aldeia alpina do norte da Itália. Imediatamente, encontra-se um bode expiatório, um professor que chegou recentemente e de quem pouco se sabe.

Fortunata, de Sergio Castellitto (2017) Horários: quinta - 20h e sábado - 15h
Sinopse: Fortunata tem uma vida atormentada, uma filha de oito anos e um casamento fracassado. Cabeleireira à domicício, vive nos subúrbios e atravessa a cidade diariamente para tratar do cabelo de senhoras burguesas. Fortunata luta todos os dias com uma determinação feroz para realizar seu sonho: abrir o seu próprio salão e controlar o seu destino, conquistando a sua independência e o direito à felicidade. Prêmio de Melhor Atriz para Jasmine Trinca na Mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes, em 2017.

Made in Italy, de Luciano Ligabue (2018) Horários: domingo - 17h30 e quarta - 15h
Sinopse: Riko é um homem com grandes virtudes, mas com pouca sorte, preso em um trabalho que não lhe permite manter a família e em luta contínua contra uma sociedade que não o representa. Mas Riko tem um recurso especial, seus amigos, com os quais enfrenta qualquer dificuldade.

A Ternura (La Tenerezza), de Gianni Amelio (2017) Horários: sexta - 15h e terça - 15h
Sinopse: Lorenzo, um advogado aposentado que vive em Nápoles, é egoísta, incapaz de amar, e está brigado com os seus próprios filhos. De volta a casa depois de ter um ataque cardíaco, desenvolve uma inexplicável afeição pelos novos vizinhos, uma família que acabou de se mudar para a casa da frente. A harmonia cresce entre as duas famílias até que um drama imprevisível perturba a existência de todos.

Pobres, mas Ricos (Poveri ma Ricchi), de Fausto Brizzi (2016) Horários: domingo - 15h e terça - 17h30
Os Tucci, uma família muito humilde de uma aldeia na região de Lazio, ganharam na loteria. Tornam-se bilionários e decidem ir para Milão, viver em um hotel 5 estrelas, para desfrutar da vida noturna e dos luxos. No entanto, começam a perceber que os tempos mudaram e que os ricos de hoje não são como os do passado: são discretos, ambientalistas, apoiam causas sociais e andam de bicicleta.