No fim, a mocinha ficou com o mocinho e os não tão mocinhos, ou gente que não beirava exatamente a vilania, também se entenderam na linhagem do "felizes para sempre". A modelo lolita Eliza (Marina Ruy Barbosa) foi embora para Paris com Jonatas (Felipe Simas), enquanto Artur (Fábio Assunção) se reconectou a Carolina (Juliana Paes) com cenas de romance explícito. Ele se reconheceu truqueiro nos versos decorados de Bandeira, Drummond e até no script de Casablanca, e ela abraçou, incondicionalmente, a vocação materna. Consumou-se, assim, a proposta de apresentar pessoas em transformação, sem apego ao maniqueísmo - no caso dos pares centrais.
Não é que Totalmente Demais vá entrar para a história como um marco da teledramaturgia. Nem tinha, nunca teve, tal pretensão. O primeiro enredo de Rosane Svartman e Paulo Halm para a faixa das 19h - a dupla escreveu duas temporadas de Malhação antes disso - fez audiência de novela das 9, com índices há anos não frequentados pela Globo no horário, caprichando no conto de fadas, com elenco afinado. A direção de Luiz Henrique Rios soube manter, ao longo do folhetim, o protagonismo da história, sem se colocar acima dela. Nem por isso, contentou-se com planos e contraplanos chapados. Longe disso.
O último capítulo, coroado com a hilária participação de Tatá Werneck como Fedora, ainda teve direito a um bom merchandising homoafetivo, sem que a gente sentisse falta do beijo gay. A sequência em que Max (Pablo Sanábio) pede para andar de mãos dadas com seu amigo em público, justificando que uma vez foi agredido naquele pedaço, mostrou-se suficiente para a ocasião. Atendeu à causa, sem abalar audiência moralista.
A Globo caprichou no chroma key, com uma Torre Eiffel inserida ao fundo do final feliz entre Jonata e Eliza, gravado no Rio mesmo. E a audiência bateu seu recorde em São Paulo, com 36 pontos, segundo dados prévios do Ibope Kantar.