Depois da acusação de assédio, José Mayer é retirado de novela da Globo

Ator também deixará de interpretar personagens sedutores em novelas da emissora
JC Online
Publicado em 02/04/2017 às 19:45
Ator também deixará de interpretar personagens sedutores em novelas da emissora Foto: Renato Rocha Miranda/Globo/Divulgação


O ator global José Mayer, acusado de ter assediado a figurinista da emissora Su Tonani, foi retirado da próxima novela por ordem da própria emissora. As informações são da Folha de S. Paulo.

Segundo a reportagem, a Globo teria achado melhor descansar a imagem do ator, que interpretaria mais um galã, desta vez na novela "O Sétimo Guardião", do autor Aguinaldo Silva, prevista para ir ao ar em 2018.

Além da 'geladeira', a Folha ainda disse que José Mayer, quando voltar ao ar, não interpretaria mais homens sedutores nos seus papéis.

Ator negou assédio

Depois da denúncia da figurinista Su Tonani, o ator José Mayer se pronunciou no início da noite desta quinta (31) sobre a acusação de assédio sexual.

Em um texto publicado – e depois apagado, para esperar a resposta de José Mayer sobre o assunto – no blog Agora É Que São Elas, da Folha de S. Paulo, Tonani disse que o ator tocou na sua genitália sem autorização na frente de outras duas mulheres.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, José Mayer disse que respeita “muito as mulheres, meus companheiros e meu ambiente de trabalho”. “Peço a todos que não misturem ficção com realidade”.

Segundo ele, as atitudes descritas por Su Tonani “são próprias do machismo e misoginia do personagem Tião Bezerra”. “Não são minhas! Nesses 49 anos trabalhando como ator sempre busquei e encontrei respeito e confiança em todos que trabalham comigo”, explicou.

Posicionamento da Globo

Em nota sobre o caso, a assessoria de comunicação da Globo afirmou que a empresa "repudia toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito". "E zela para que as relações entre funcionários e colaboradores da emissora se deem em um ambiente de harmonia e colaboração, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Grupo Globo. Todas as questões são apuradas com rigor, ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade", continua o texto. "Desta forma e tendo o respeito como um valor inegociável da empresa, esse assunto foi apurado e as medidas necessárias estão sendo tomadas. A Globo não comenta assuntos internos."

Denúncia de assédio da figurinista

Cópias do texto intitulado "José Mayer me assediou", no entanto, ainda circulam pelas redes sociais. Nele, Susllem Meneguzzi Tonani, conhecida como Su Tonani, afirma que há cinco anos foi morar no Rio de Janeiro em busca do sonho de se tornar figurinista.

No parágrafo seguinte, ela continua: "Qual mulher nunca levou uma cantada? Qual mulher nunca foi oprimida a rotular a violência do assédio como 'brincadeira'? A primeira 'brincadeira' de José Mayer Drumond comigo foi há 8 meses. Ele era protagonista da primeira novela em que eu trabalhava como figurinista assistente. E essa história de violência se iniciou com o simples: 'como você é bonita. Trabalhando de segunda a sábado, lidar com José Mayer era rotineiro. E com ele vinham seus 'elogios'. Do 'como você se veste bem', logo eu estava ouvindo: 'como a sua cintura é fina', 'fico olhando a sua bundinha e imaginando seu peitinho', 'você nunca vai dar para mim?'".

Em A Lei do Amor, novela que acabou na sexta-feira (31), José Mayer interpretou Tião Bezerra. Entre as experiências profissionais de Su Tonani também está o programa Bela Cozinha, apresentado por Bela Gil (GNT). Em seu texto na folha, ela relata ter dito ao ator "com palavras exatas e claras" que não queria e que ele não poderia tocá-la. "Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha b* e disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar em meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua 'piada'. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade", continua Su Tonani.

A figurinista diz que procurou o RH, ligou para a ouvidoria da empresa e foi ao departamento da Globo que cuida dos atores. "Acessei todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual que há meses eu vinha sofrendo. Contei que tudo escalou e eu não conseguia encontrar mais motivos, forças para estar ali. A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: Quais serão as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e como?".

Su Tonani ainda escreve que sentiu culpa por não ter tomado medidas "sérias e árduas antes" e também um "arrependimento violento" por ter se calado. "E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez", continua ela em outra parte do texto, para em seguida dizer que tem de repetir o mantra "A culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima".

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