Não muito tempo após a estreia da série 3%, os atores receberam a notícia de que haveria uma segunda temporada no palco da Comic Con Experience (São Paulo). Já na CCXP Tour Nordeste, dois deles puderam comentar, inclusive, sobre a repercussão internacional da produção, que é a primeira série original brasileira da empresa. Vaneza Oliveira e Rodolfo Valente participaram do disputado painel da Netflix, no sábado (15/4), e conversaram com a imprensa um pouco antes.
“O mais incrível foi o momento, não é? A gente estava tendo o primeiro contato com os fãs, uma semana após a estreia, e a gente dividiu esse momento de alegria”, lembrou a atriz Vaneza Oliveira no início da entrevista coletiva.
“A gente sentia que seria muito legal se acontecesse de ser anunciado isso na Comic Con. Era o primeiro contato nosso com os fãs, com as pessoas que tinham assistido à série. Mas fazia uma semana que tinha estreado, estava muito em cima”, completou Rodolfo Valente.
"Eles escrevem muito para mim, já me mandaram presente dos Estados Unidos. Eu já tinha percebido, mas a confirmação da Netflix foi tipo: 'Nossa!'. É maravilhoso porque é um mercado que a gente tem poucos dados do quanto eles consomem de produtos nacionais e ver que eles tão curtindo tanto uma série que demorou tanto tempo para ser realizada, com um tema tão forte, tá tudo certo, sabe? Para o nosso mercado é muito bom. Fiquei muito feliz", afirmou Vaneza.
"Para mim, pelo menos, é muito surpreendente porque, além da barreira da língua que existe, lá eles têm muitas outras séries para assistir (no catálogo). Então ter feito esse sucesso lá pra mim é muito gratificante. Não só nos Estados Unidos mas também ter sido vista em outros lugares do mundo, como o Curdistão, como é que a gente ia saber?", pontua Rodolfo Valente, que continua: "Para mim, (3%) é uma série que é universal, porque trata de temas que pessoas do mundo inteiro se identificam, mas também uma série muito brasileira. Que trata de coisas do nosso cotidiano, das nossas ruas, nossas questões políticas. E isso ter atingido pessoas de lugares tão diferentes, de culturas tão diferentes, mostra como o alcance disso foi grande, fala com diferentes línguas sem perder a nossa cara".
"Esse tema meritocracia a gente trata aqui no Brasil de uma maneira muito forte. A minha surpresa com o sucesso (da série) fora do país é perceber que eles se identificam com essa questão também lá. Uma das coisas que eu gosto muito na série é a maneira como ela fala da meritocracia, faz uma crítica ao sistema que a gente tem, mas isso tudo é de uma maneira tão humana, sabe? Cada personagem traz uma forma de contar. A forma como o roteiro conta a dificuldade, as questões de cada personagem, é tão humana, tão próxima, que acho que é uma identificação que vai além da cultura. Eu recebi mensagens de pessoas que se identificavam com a história da Joana, na Itália, na Espanha, nos Estados Unidos. Porque é isso, vai além dessa barreira cultural, sabe?", explica Vaneza.
"E, além disso, acho que tem uma coisa interessante que a série traz também para quem é de outros países. Ela na verdade é uma distopia, mas as pessoas vêem também como uma ficção científica, e esse é um gênero que a gente está muito acostumado a ver nos Estados Unidos. Acho que as pessoas puderam ver esse tema, o que a gente está falando, feito por não-americanos do Norte, mas por brasileiros falando uma língua até desconhecida. No YouTube vejo as pessoas comentando: 'Que língua é essa, é espanhol?'. As pessoas conhecem muito pouco o nosso português. Então, ver esse gênero que já é muito usado, mas com as cores não muito usuais, a partir de um ponto de vista que não é o do norte-americano, e com outras caras, cores e outro universo, acho que é algo que despertou muita curiosidade de ver", completa Rodolfo.
"Quando Dani (Libardi), diretora do episódio falou: 'A gente está pensando em colocar Elza (Soares)'. Eu falei: 'Gente, não tem mais o que discutir, isso é uma pergunta ou afirmação?'", afirmou Vaneza, lembrando de quando surgiu a ideia de usar a música A Mulher do Fim do Mundo como trilha sonora para a personagem Joana.
"Ela falou: 'A gente vai escrever para ela'. E eu disse: 'Se você quiser, eu escrevo uma carta para ela falando sobre o quanto é importante que ela faça parte da trilha sonora dessa personagem'. Acho que a gente está vivendo esse momento de empoderamento feminino, do empoderamento da mulher negra, ter essa mulher junto com a Joana é a combinação mais perfeita, sabe?", continua a atriz, que finaliza: "Uma coisa que estou adorando é que vejo as pessoas escrevendo para mim: 'Nossa, conhecia a Elza Soares por causa da Joana'. Gente, Elza Soares, né? Aquela mulher maravilhosa. Eu fico muito feliz vendo uma menina dizendo: 'Eu ainda não conhecia, conheci através de você'. Perfeito, vamos continuar, mostra para os seus amigos, mostra os outros CDs que ela é maravilhosa. Esse diálogo de gerações que acontece através da minha personagem é perfeito, a gente tem que abrir mais, trazer mais coisas".