Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem anualmente em decorrência de suicídio. Problema de saúde pública, é necessário que se tenha especial atenção para o assunto, desmistificando-o e fortalecendo os mecanismos de prevenção. Com a popularidade de 13 Reasons Why e o preocupante surto de jogos como Baleia Azul e o de asfixia, que têm afetado principalmente adolescentes, a temática está no centro do debate público.
Por se tratar de um tema ainda considerado tabu, encontrar formas de abordar a questão é um dos grandes desafios dos profissionais da saúde. Nesse sentido, a série providenciou espaço para a divulgação de plataformas de prevenção. Após a exibição do último episódio, que retrata a controversa cena de suicídio da protagonista, é possível assistir a um documentário com comentários da produção e artistas da série discutindo a importância de cuidar da saúde mental.
No site disponibilizado pela Netflix para aqueles que buscam ajuda ou informações sobre o assunto, www.13reasonswhy.info, os contatos do Centro de Valorização da Vida (CVV) são disponibilizados. De acordo com a Netflix, após a estreia da série a busca por orientação no CVV teve um aumento de mais de 400%. Segundo Karina Soares, voluntária do projeto no Recife, é difícil atribuir o crescimento só à série, mas houve, de fato, uma mudança no perfil daqueles que procuram o serviço.
“Não é tão simples associarmos o crescimento diretamente a um assunto, porque não identificamos a pessoa que está ligando. Mas, apesar disso, temos percebido uma procura maior dos jovens. Com a série e o problema da Baleia Azul, essa tendência ficou mais clara, o que gera em nós a necessidade de nos prepararmos ainda mais, buscarmos aprimorar nossa linguagem a fim de atender melhor a essas pessoas”, pontua.
Ainda de acordo com Karina, pensamentos suicidas decorrentes de transtornos psicológicos são mais comuns do que se imagina, mas acabam mistificados devido à dificuldade social de se falar sobre eles.
“Muitas pessoas passam por isso, mas se sentem acuadas para falar sobre. Alguns têm na sua família pessoas que com as quais sentem coragem de conversar sobre esses assuntos, mas a maioria se silencia com medo de ser julgado. Mas, o importante é que a pessoa consiga conversar com alguém sobre isso e reside aí grande parte da importância do CVV, porque acolhemos essas angústias com muito respeito, tentando compreender e, ao mesmo tempo, apresentar alternativas, incentivar a pessoa a encontrar soluções”, explica.
A voluntária reforça ainda que o centro acredita na prevenção e, por isso, incentiva pessoas que estejam passando por momentos difíceis e não tenham com quem dialogar a ligarem a fim de evitar que essas questões cresçam ao ponto de se tornarem transtornos causadores de depressão.
“Acreditamos que o desejo por colocar um fim na própria vida comece lá atrás, quando você tem um problema e não tem com quem compartilhar. Às vezes acolhemos ligações de pessoas que estão bem, mas se sentindo sós, então fazemos as vezes de amigos temporários. Estamos aqui para acolher, não para julgar”, reforça.
O Centro de Valorização da vida funciona 24h através do número 141, além de email, site e Skype.
1 - Transformações no comportamento
2 - Tendências de isolamento
3 - Verbalizar pensamentos relacionados à morte
4 - Automutilação como tentativa de buscar alívio para o sofrimento
5 - Abuso de álcool e/ou drogas
6 - Não enxergar possibilidades de melhoria no futuro
1 - Procurar auxílio/desabafar com pessoas de confiança
2 - Buscar ajuda de profissional de saúde mental
3 - Evitar consumo de álcool e drogas
4 - Fortalecer instrumentos de resiliência, buscando ressignificar experiências traumáticas
5 - Desfaça-se de objetos que possam facilitar o suicídio
6 - Aos familiares e amigos, colocar-se à disposição para ouvir pessoas com pensamentos
7 - Não julgar aqueles que expressam pensamentos depressivos nem ridicularizar seus temores