'Negada': um espaço para ver e ouvir sobre negritude

Programa passa a ser fixo a partir desta quinta-feira (30) estimulando debates na pauta
Robson Gomes
Publicado em 30/11/2017 às 5:00
Programa passa a ser fixo a partir desta quinta-feira (30) estimulando debates na pauta Foto: Foto: Léo Motta/JC Imagem


Não é de hoje que precisamos discutir sobre empoderamento negro. Fazendo um recorte a partir do universo pop como exemplo, em abril de 2016, a cantora Beyoncé lançou o disco Lemonade. O título faz referência a uma crença dos africanos escravizados nos EUA, de que beber limonada fazia com que a pele se tornasse mais clara. Nos últimos dias, um discurso da atriz Taís Araújo causou “polêmica” quando afirmou que “no Brasil, a cor do meu filho é o que faz que as pessoas mudem de calçada”. E, ainda, a filha do casal de atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, de apenas três anos, foi xingada por uma “socialite” de “macaca horrível” pela cor de sua pele. Isso são exemplos rasos se relacionarmos à profundidade e a urgência de dar voz à causa negra no Brasil e no mundo. Por isso, aqui em Pernambuco, mais precisamente na TV JC, o caso virou uma causa em forma de atração. Um programa especial levado ao ar no Dia da Consciência Negra se tornará fixo a partir desta quinta-feira (30) para discutir tudo sobre o universo negro de forma consciente e ativa: o Negada.

O programa é uma criação de três produtoras da TV Jornal: Bia Machado, do Sabor da Gente, Nataly Barreto, do Papeiro da Cinderela e Ju Mota, do departamento de Chamadas Institucionais da emissora, que comandarão o programa sempre às quintas-feiras, às 16h.

Segundo as meninas, tudo começou ainda em 2016, quando Nataly iniciou um processo de transição capilar que gerou vários comentários, principalmente no ambiente de trabalho. O debate resultou em um VT especial no site e página do Facebook da TV Jornal. A resposta foi imediata e positiva, gerando ali a ideia de ampliar o leque de discussão e como seria possível mudar a vida de outras pessoas se falassem sobre isso abertamente.

“Ficamos pensando como faltava esse debate local sobre a negritude e como poderíamos dar voz a esse tema num sistema tão grande como o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação”, conta Bia.

O Negada foi apresentado em uma rodada interna de pitching, onde todos funcionários do SJCC, de forma voluntária, contribuíram com ideias para a programação da TV JC, gerando uma aprovação imediata do formato.

Por sugestão de Arnaldo Carvalho, Editor Executivo de Imagem e responsável técnico da TV JC, um programa foi levado ao ar de forma especial no último dia 20, Dia da Consciência Negra. A boa receptividade do público nas redes sociais e o alcance acumulado em mais de 23 mil pessoas comprovou que o Negada tinha força mais que suficiente para ser fixo da casa.

Nataly explica o objetivo principal do Negada: “Nós não queremos impor nada. Não queremos extremismos. Não queremos estabelecer que ‘você é negro, tem que ter um cabelo assim ou agir assado’. Queremos mostrar o que sofremos, o que vivemos. E cabe a cada um formar a sua opinião a partir desses debates”.

A reflexão começa logo no título da atração. “Embora muitos achem pejorativo, queremos começar já quebrando essa ideia de que ‘negada’ não é uma coisa boa. Ser negro não é ruim, é bom. É tão bom quanto ser branco. A questão não é ‘ser melhor que’, é ‘tão bom quanto’. E nós não vemos diferença nisso”, esclarece Ju Mota.

O nascimento de um espaço como o Negada é motivo de orgulho para Bia: “Acho que o pilar desse programa é a liberdade de escolha, algo que sempre foi tirado de nós. Existem regras, padrões da sociedade de que ‘seu cabelo é ruim’, que é preciso ‘alisar o cabelo’, que o nariz fino é que é bonito. Crescemos numa expectativa de sermos inferiores, exóticos. E de repente, começamos um a abrir os olhos dos outros para perceber e identificar o negro como realmente somos, como forma de resistência. Afinal, também merecemos respeito e igualdade como todos os outros”.

ESTREIA

A primeira edição oficial do programa debate nesta quinta-feira (30) o feminismo negro. Além das apresentadoras, elas terão as participações da blogueira Beca Nascimento, a atriz e produtora Brunna Martins, e Mônica Oliveira, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco. A transmissão ao vivo será nas páginas do SJCC no Facebook e logo após disponibilizado no site www.tvjc.com.br.

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