Caio Paduan fala dos planos após o Bruno de 'O Outro Lado do Paraíso'

O ator carioca Caio Paduan, de 31 anos, descansa do peso de interpretar o correto delegado Bruno na novela O Outro Lado do Paraíso, que terminou semana passada na TV Globo. Prestes a estrear um novo espetáculo no teatro em São Paulo, o jovem em ascensão fala ao Jornal do Commercio sobre uma ambição que não vem de seus vilões marcantes na TV, mas dele mesmo: chegar a Hollywood.

ENTREVISTA // CAIO PADUAN

JORNAL DO COMMERCIO - Qual o maior aprendizado que o Bruno te ensinou?
CAIO PADUAN - O Bruno me ensinou que ser justo não deve ser uma qualidade, deve ser inato de cada pessoa. Ele é humano, então óbvio que cometeu erros durante o seu caminho e foi importante que ele errasse para que pudesse aprender, como todos nós, mas o Bruno nunca deixou de buscar pela justiça, respeito e integridade das pessoas. Hoje, nessa reta final, fico muito feliz em ver que o personagem se enquadrou bem na proposta da direção e do autor.

JC - Foi o seu primeiro trabalho com Walcyr Carrasco. O que ele, enquanto autor, acrescentou ao teu trabalho de ator?
CAIO - O Walcyr tem um toque muito especial em seus textos. Foi através da obra dele que percebemos como a nova geração faz parte da solução de problemas. O Bruno, a Raquel e o Patrick substituíram pessoas corruptas e buscam sempre fazer o que é certo. Assim como a importância em abordar assuntos como racismo, homofobia.

JC - O Bruno te levou a discutir sobre assuntos espinhosos e atuais como corrupção e racismo. Para você, qual desses problemas é mais urgente ao País neste momento?
CAIO - Acredito que cada um tenha a sua importância, não podemos minimizar um em detrimento do outro. O importante é que estamos trazendo esses assuntos à tona para que possamos lidar com eles e tentar resolver a situação. O Brasil tem uma longa história de racismo e corrupção, são dois assuntos muito urgentes na nossa sociedade.

JC - Qual o balanço que você faz de O Outro Lado do Paraíso?
CAIO - A trama tocou em pontos importantes que a nossa sociedade atual está passando. Como a novela sempre tem um alcance muito grande e está diariamente na casa das pessoas, é essencial termos uma mensagem, um conteúdo, por trás da trama. Ela foi muito positiva nesse sentido.

JC - Você vem de personagens marcantes da TV nos últimos anos como o Alex de Rock Story e o Afonso de Além do Tempo. Você acredita ter feito uma carreira ascendente na teledramaturgia?
CAIO - Eu acredito no progresso do meu trabalho, sim. Eu trabalho e estudo muito para que faça o melhor possível na minha carreira. As oportunidades que apareceram para mim foram ótimas e abriram as portas para que eu pudesse trabalhar, então os personagens de destaque vem na carreira dos artistas devido a dedicação que temos.

JC - Você já foi cotado para participar da franquia X-Men. Houve algum interesse/contato deles diretamente ou algum teste que você tenha feito?
CAIO - Sim, tive um contato inicial com eles, pois meu empresário sabiam que estavam escalando atores brasileiros para o personagem. No caso, o meu teste foi através de vídeo, pois estava no meio das gravações da novela e não tinha como fazer de outra forma. Foi ótimo para mim, é uma experiência que quero muito ter um dia.

JC - Você não esconde de ninguém o desejo de fazer filme em Hollywood. Caso isso aconteça, você pretende permanecer por lá ou tentaria conciliar a carreira no Brasil?
CAIO - Eu acredito que o planejamento seria diferente, mas tentaria conciliar com a carreira no Brasil, que não deixa de ser importante para mim. Mas, quando esse sonho se realizar há todo uma organização para que eu possa me dedicar a esse novo horizonte. Investir em uma carreira em Hollywood não é fácil, demanda tempo e dedicação.

JC - Você está prestes a estrear no teatro ao lado de Regina Duarte e Leopoldo Pacheco. O que tem sido mais difícil administrar: a ansiedade ou a responsabilidade de estar dividindo o palco com eles?
CAIO - Na verdade, a minha base artística vem do teatro. É que, de alguns anos para cá, tenho focado mais na TV. Voltar aos palcos ao lado de dois grandes artistas como o Leopoldo e a Regina é uma responsabilidade enorme, assim como gratidão, também. São dois seres incríveis e temos trocado muito durante os ensaios. Há uma ansiedade, sim. Mas essa é a melhor parte do teatro, a ansiedade de estreia e todo o frio na barriga de se apresentar ao vivo.

JC - Existe um personagem dos sonhos para Caio Paduan?
CAIO - Eu tenho vários personagens dos sonhos, mas, no geral, todos eles envolvem uma temática importante por trás. Eu acho de extrema importância passarmos uma mensagem social através dos nossos personagens, é isso o que me motiva como ator.