'The Crown': Relembre algumas polêmicas abordadas na série

Seriado da Netflix que retrata a vida da família real britânica já está em sua terceira temporada
João Pedro Malar/Estadão Conteúdo
Publicado em 27/11/2019 às 18:36
Seriado da Netflix 'The Crown' retrata a vida da família real britânica e já está em sua terceira temporada Foto: Foto: Des Willie/Netflix


A terceira temporada da série The Crown, da Netflix, lançada neste mês de novembro, retrata a vida da família real britânica durante o reinado da rainha Elizabeth II, que já se tornou a monarca com o reinado mais longevo da coroa inglesa.

A nova temporada foca o reinado de Elizabeth durante as décadas de 1960 e 1970 e teve uma grande mudança: praticamente todos os atores do elenco foram substituídas. As alterações ocorrem em meio a um "envelhecimento" das personagens.

Entre suspeitas de traição, relacionamentos proibidos e casamentos fracassados, The Crown já abordou inúmeras situações complicadas associadas à família real britânica.

Confira a seguir as polêmicas abordadas pela série:

Edward: casamento e nazismo

O tio de Elizabeth II, Edward, foi o rei Edward VIII antes de sua renúncia. A saída do monarca do trono inglês foi a conclusão de um caso de amor que dividiu o Reino Unido. Ele se envolveu com Wallis Simpson, atriz norte-americana que já havia se divorciado duas vezes. À época, a igreja anglicana condenava o casamento com uma pessoa divorciada, e, como líder da igreja, Edward teria que escolher entre renunciar ao trono ou se casar com a mulher por quem se apaixonou. Edward escolheu a renúncia.

O episódio Vergangenheit, da segunda temporada, traz à tona uma grande polêmica em torno do ex-monarca: possíveis ligações com os nazistas. A especulação existiu na época em que Edward visitou a Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial, já sob o controle de Adolf Hitler. Na série, Elizabeth evita que provas desses laços sejam divulgadas, com a condição que o tio desaparecesse da vida pública. Na vida real não há nenhuma prova concreta dessas simpatias, e os discursos do rei apontam muito mais para uma figura que buscava evitar a guerra a qualquer custo.

A fidelidade do príncipe Philip

Um ponto central dos primeiros episódios da segunda temporada da série é a fidelidade do príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II. A série retrata um Philip descontente com a falta de poder frente à esposa, que resulta em uma breve separação do casal, quando ele embarca em uma viagem por países da coroa britânica. Em meio ao tour, Eileen Parker pediu para se divorciar de Michael Parker, amigo e secretário de Philip que lhe estava acompanhando na viagem.

O estopim para o pedido foi a descoberta de várias cartas em que Michael fala sobre relações extraconjugais durante o tour real. A revelação de Eileen fez com que a imprensa passasse a especular sobre a fidelidade de Philip, mas, apesar da série mostrar as próprias suspeitas de Elizabeth e as tensões entre o casal, até hoje nada foi provado.

A relação entre Charles e Philip

Elizabeth e Philip tiveram quatro filhos, e o mais velho, Charles, recebeu destaque no episódio 'Paterfamilias', da 2ª temporada. Nele, a relação entre Charles e seu pai é mostrada como complicada, com Philip não aceitando o jeito de Charles e exigindo que o filho seja mais duro. O herdeiro do trono acaba sendo enviado para a escola Gordonstoun, na Escócia, e a série mostra que o menino teve anos difíceis lá, sofrendo bullying e não se adaptando ao ritmo do local.

Esses fatos mostrados na série são confirmados por colegas de Charles em entrevistas. Ao longo da vida, o príncipe deu declarações com versões diferentes sobre a relação com os pais. Em uma delas, relatou que a mãe sempre fora distante, e que parecia não ligar para ele, mas em outra valorizou o amor e carinho dela. Não há dúvidas, porém, que o herdeiro não teve uma infância fácil.

Um caso proibido

Uma figura polêmica na família real é a irmã de Elizabeth, Margaret. Mais nova que a monarca, ambas se amavam, mas constantemente tinham desentendimentos. Na série, um dos piores momentos da relação entre as irmãs ocorreu na primeira temporada, a partir do episódio Explosivo. Margaret acabou se envolvendo com o assistente do pai, Peter Townsend, que até se divorciou da esposa para casar com a princesa. Ela precisava, antes, comunicar para a irmã a decisão.

Apesar do apoio inicial da monarca, foi descoberto que Margaret precisaria esperar até os 25 anos para se casar sem precisar de uma aprovação oficial da rainha, e Elizabeth era pressionada para não dar a permissão, pois Townsend era divorciado. Margaret, então, enfrentou o mesmo dilema do tio: escolher entre o amor e a nobreza. No fim, Townsend foi enviado para a Holanda, evitando uma aproximação de Margaret, e, mesmo com grande apoio da população, o casal se separou.

Margaret e Antony Armstrong

Já na segunda temporada, Margaret começa a se relacionar com o fotógrafo Antony Armstrong. A série mostra uma Margaret infeliz e entediada após a partida de Townsend. Mas ela acaba se interessando pelo fotógrafo, e os dois têm um caso. Um elemento retratado na série confirmado em biografias é que Margaret decidiu se casar com Armstrong após receber de Townsend uma carta informando que ele iria se casar com uma jovem belga.

O quadro de Churchill

Uma personagem importante da primeira temporada é o primeiro-ministro Winston Churchill, que serviu como uma figura que, ao mesmo tempo, desafio e forneceu inúmeras lições para Elizabeth. Já no fim do seu mandato, Churchill protagonizou uma situação inusitada. No episódio Assassinos, em meio a movimentações internas no seu partido para retirá-lo do poder, Churchill tem seu retrato pintado pelo artista Graham Sutherland, servindo como homenagem do Parlamento Inglês para o conhecido político.

O episódio também mostra um elemento real da vida de Churchill, a morte precoce de um dos seus filhos em um acidente, mas o grande destaque é o resultado do quadro, que enfurece o primeiro-ministro pois, em sua opinião, o inferiorizava ao retratá-lo como fraco e velho. A indignação de Churchill é real, mas, o final do episódio, em que sua esposa queima o quadro, não é. A obra foi escondida no porão da casa do político e transportada para longe pela secretaria da esposa de Churchill, que pediu que seu irmão desse fim à obra. De qualquer maneira, Churchill renunciou pouco depois do ocorrido.

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