Centenas de pessoas, entre familiares, amigos e fãs, lotaram a Basílica do Carmo, no bairro de Santo Antônio, na noite desta terça-feira (29), para a celebração da Missa de Sétimo Dia em memória do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Das estampas presentes no missau às palavras do arcebispo do Recife e de Olinda, dom Fernando Saburido, a cerimônia seguiu dentro da temática armorial. Demonstrações de carinho e memória foram acompanhadas por trechos de suas obras e canções, como Cantiga de Jesuíno e Os do norte que vem.
Diversas personalidades marcaram presença para prestar solidariedade à família, como o prefeito do Recife, Geraldo Julio, a secretário de Cultura do Recife, Leda Alves, a sobrinha da viúva Zélia e ex-primeira dama de Pernambco, Renata Campos, e os filhos, além do músico Santanna, um dos últimos artistas a visitar Ariano em sua residência.
“Ele sempre será lembrado. Acima de um escritor, é um gênio. E um gênio não se repõe assim”, afirmou o músico Santanna, que foi à missa vestindo a camisa do Sport, time do coração de Ariano. "Através de sua simplicidade, ele pôde inspirar tanta gente. Foi pelas mãos de Ariano que milhares de pessoas dedicaram sua vida à cultura popular", destacou Geraldo Julio.
Motorista particular do casal Ariano e Zélia Suassuna, Luciano Cruz destacou o carinho que Ariano tinha pelos funcionários. “Ariano era uma pessoa muito boa, sempre muito gentil. Ele continuará na memória das pessoas. Foi o único patrão que fez diferença na minha vida, foi mais do que um pai”, afirmou emocionado. Lembrou ainda a sua relação com a esposa: "Com dona Zélia, ele era uma pessoa muito romântica, muito carinhosa. Costumavam assistir a filmes juntos, geralmente das suas aulas-espetáculo, e sempre falava que ela é a mulher mais linda do mundo".
No encerramento da cerimônia, a filha Mariana acompanhada das netas Ester e Anaís Suassuna dedicaram palavras para o escritor relembrando a sua relação de atenção e carinho com a família, assim como sua religiosidade. "É um homem que se preocupa muito com o outro, uma pessoa honesta e honrada, que detesta a falta de caráter. Duro nas palavras, mas ao mesmo tempo atencioso e carinhoso", afirmou Mariana.
“Dizem que tudo passa e o tempo duro tudo esfarela: o sangue há de morrer! Mas quando a luz diz que esse ouro puro se acaba por finar e corromper, meu sangue ferve contra a vã razão e há de pulsar o amor na escuridão!”, diz o verso de Ariano, retirado do poema em homenagem a Zélia A mulher e o reino, escolhido para estampar a camisa utilizada pelos familiares.