Hilda Hilst tem sua obra revisitada

Escritora paulista ganha mostra, documentário, reedição e livro inédito
Adriana Guarda
Publicado em 29/03/2015 às 8:00
Foto: Acervo Instituto Hilda Hilst


Pelos olhos de um público imberbe, a escritora Hilda Hilst sai da sombra e ganha holofotes sobre sua obra. O que diria HH se assistisse hoje à euforia de jovens tentando decifrá-la? Teria que abandonar a reclamação de uma trajetória literária inteira, de que não foi lida. Onze anos após sua morte, a obra de Hilda vive uma espécie de reavivamento. A fama de impenetrável vai se esvaindo com sua penetração cada vez mais crescente no mercado editorial e na academia. Na prateleira, novas edições de livros, títulos inéditos, filmes e peças de teatro tentam espantar o medo de Hilda Hilst.


“Até a Globo Livros decidir editar a obra completa, os livros de HH tinham pouca circulação. Era uma obra quase marginal, editada artesanalmente por amigos e pequenas editoras”, observa Alcir Pécora, professor de Literatura da Universidade Estadual de Campinas e editor da obra de HH pela Globo Livros, entre 2001 e 2008. “Também faltava um vocabulário crítico competente, que ajudasse a introduzir o leitor no universo da autora. A edição de 20 volumes com sua produção completa (40 títulos) contribuiu para aumentar sua penetração na universidade, mudando o discurso dentro da literatura brasileira. Até então, a academia estava centrada no modernismo paulista. E a obra de Hilda não cabia nessa perspectiva porque ela é radical, anárquica e libertária.” 

A sedução do leitor jovem também é explicada pelos temas obscenos, que estão presentes não só na trilogia pornográfica (O caderno rosa de Lori Lamby, Contos d’escárnio: textos grotescos e Cartas de um sedutor, mas também no núcleo da obra. “A página do Instituto Hilda Hilst (IHH) tem mais de 40 mil seguidores no Facebook. Entre eles, 70% são pessoas com menos de 30 anos e 65% são mulheres”, diz o presidente do IHH e herdeiro dos direitos autorais da escritora, Daniel Fuentes. No intervalo de um ano (de abril de 2013 a abril de 2014), a participação de HH no mercado editorial dobrou e as vendas saíram de um patamar de R$ 30 mil para R$ 100 mil por trimestre. 


“Ainda estamos elaborando o livro, estudando as cartas. O processo é bastante delicado, desde a decifração das caligrafias até a escolha do que é interessante para o leitor. São cartas entre amigos muito próximos, que falam de banalidades, de sonhos, de criação literária”, adianta Ana. A previsão é que também seja lançada a primeira biografia da escritora, mas a editora mantém segredo.

 

Acervo Instituto Hilda Hilst
Hilda Hilst com a amiga e escritora Lygia Fagundes Telles, na década de 90 - Acervo Instituto Hilda Hilst
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Hilda Hilst e sua paixão pelos cães. Casa do Sol, anos 60 - Acervo Instituto Hilda Hilst
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Hilda Hilst lendo livro de Lygia Fagundes Telles, - Acervo Instituto Hilda Hilst
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Hilda Hilst e sua atitude provocativa, nos - Acervo Instituto Hilda Hilst
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Hilda Hilst e seu marido, o escultor Dante Casarini, na década de 60 - Acervo Instituto Hilda Hilst

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Hilda Hilst literatura brasileira obsceno
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